Iconha revoga auxílio-alimentação de vereadores após repercussão negativa

Decisão ocorre menos de um mês após aprovação e reflete pressão popular por responsabilidade fiscal.

A Câmara Municipal de Iconha revogou a Lei nº 1.494/2025, que concedia auxílio-alimentação de R$ 500 (R$450 vale-alimentação + R$50 vale-feira) mensais aos vereadores, após intensa crítica da população e da mídia. O projeto de revogação, assinado pela vereadora Alessandra Paganini Lourencini (União Brasil), foi apresentado e justifica a medida como uma resposta ao “descontentamento legítimo” dos cidadãos, que consideraram o benefício um uso indevido de recursos públicos em um município ainda recuperando-se das enchentes de 2020.

A decisão surge menos de um mês após a aprovação polêmica do auxílio, amplamente criticada em reportagem aqui no Espírito Santo Notícias em 28/02. Na ocasião, internautas e moradores destacaram a contradição entre os R$ 6.642,38 de salário dos vereadores (que se reúnem duas vezes ao mês) e as necessidades urgentes da cidade, como reconstrução de casas e infraestrutura afetada pela tragédia de 2020.

No documento de revogação, a vereadora Lourencini afirmou:
“A população cobra responsabilidade no uso do dinheiro público. Priorizar regalias em vez de benefícios diretos à sociedade é incompatível com a realidade econômica do município.”

Em fevereiro, o projeto havia sido aprovado por 6 votos a 2, com apoio de vereadores como Marcelo Zucatelli (MDB) e Denivan Coutinho (Republicanos). O presidente da Câmara, Moisés Marchiori (Republicanos), autor da proposta original, também foi alvo de críticas por acumular o cargo de agente de endemias na prefeitura, o que levantou suspeitas de conflito de interesses.

A revogação, no entanto, indica uma guinada na postura do legislativo, pressionado pela opinião pública. O texto oficial destaca que muitos vereadores “possuem fontes de renda adicionais” e que o auxílio era “desnecessário”.

A prefeitura de Iconha ainda enfrenta desafios pós-enchentes, como a reconstrução de vias e o apoio a famílias desabrigadas. A queda do auxílio alimentação libera aproximadamente R$ 3 mil mensais (considerando seis vereadores), valor que, segundo a oposição, pode ser realocado para projetos sociais.

FONTE: ESPÍRITO SANTO NOTÍCIAS