Erro da Justiça faz capixaba inocente passar 12 dias preso

O açougueiro conta que foi confundido com um homem acusado de tentativa de assassinato

Ricardo Dias Nascimento, de 52 anos, conta que passou pelos piores dias da sua vida ao ser preso injustamente | Foto: Reprodução / TV SIM / SBT -

Um capixaba viveu um verdadeiro pesadelo ao ficar 12 dias preso por engano em um presídio do Espírito Santo. Ricardo Dias Nascimento, de 52 anos, conta que passou pelos piores dias da sua vida ao ser preso injustamente, confundido com um homem acusado de tentativa de assassinato. O erro, que aconteceu há sete anos, ainda hoje causa dor e vergonha.

“Eu nunca vou esquecer, a gente fica com vergonha, todo mundo que me conhece acha que fiz isso. Toda minha família sofreu, é muito difícil” conta, emocionado, Ricardo.

O terror na vida do açougueiro começou na manhã do dia 13 de janeiro de 2018. Ricardo deixava a esposa no trabalho e parou na padaria para comprar pão para os filhos. Ao retornar para casa, no bairro onde morava em Vitória, foi surpreendido por policiais. Sem entender o motivo da abordagem, teve o nome perguntado e, ao responder, ouviu: “É você mesmo!”

Ricardo Dias Nascimento, de 52 anos, conta que passou pelos piores dias da sua vida ao ser preso injustamente | Foto: Reprodução / TV SIM / SBT

Os policiais apresentaram um mandado de prisão. O crime em questão teria ocorrido no Morro São Benedito, em Vitória — um local onde Ricardo garante nunca ter estado. Algemado, ele foi levado para o presídio e permaneceu lá por 12 dias. Período que ele define como o pior da sua vida.

Apenas 12 dias depois de Ricardo preso foi esclarecido que a Justiça procurava por Ricardino Dias Nascimento — e não Ricardo. A semelhança nos nomes foi o bastante para custar a liberdade e a reputação do trabalhador.

“Foi reconhecido que foi outra pessoa e que não houve erro de Estado. Mas se não houve erro de Estado por que fui preso? O advogado teve que entrar de novo para tentar recorrer”, lamenta Ricardo, que desde então luta para limpar seu nome e recomeçar.

As consequências foram duras. Para pagar um advogado, ele precisou recorrer a empréstimos. Por pouco, não perdeu o emprego de açougueiro. Antes do episódio, Ricardo também complementava a renda como fotógrafo em eventos, mas, após a prisão, as portas se fecharam. “Ninguém mais chamou. Quem vai querer uma pessoa que já foi presa na festa do filho?”, desabafa.

Hoje, Ricardo quer apenas andar pelas ruas de cabeça erguida, sem precisar se explicar, sem ter que carregar o peso de um erro que não cometeu. “Dinheiro compra a honestidade de uma pessoa, compra a imagem de uma pessoa. Estou agora na televisão contando aqueles momentos que passei, lembrando das humilhações. Isso aí a gente nunca esquece.”, afirma.

Demanda pela reportagem, a Procuradoria-geral do Espírito Santo informou que a Justiça deu sentença favorável ao estado e que a defesa de Ricardo recorreu. A pasta disse que agora aguarda a nova decisão da Justiça sobre o caso.


* Com informações de Patrícia Battestin, da TV Sim/SBT