A procura por cirurgias íntimas femininas tem aumentado de forma expressiva no Espírito Santo, acompanhando uma tendência nacional que vem ganhando força nos últimos anos. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o estado registrou crescimento de 32% nesses procedimentos em determinado período — índice superior à média nacional. O fenômeno reflete um cenário em que as mulheres se sentem mais informadas, mais confortáveis para discutir saúde íntima e mais confiantes para buscar tratamentos estéticos ou funcionais.
O procedimento mais procurado segue sendo a ninfoplastia (labioplastia), voltada para a redução dos pequenos lábios vaginais. De acordo com dados internacionais da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), o Brasil está entre os líderes mundiais nesse tipo de intervenção, mostrando que o tema tem deixado de ser tabu e tem se tornado pauta frequente nos consultórios.
No Espírito Santo, o ginecologista Dr. Cesar Patez, referência em estética íntima, explica que a motivação das pacientes não se limita ao aspecto visual.
“Muitas mulheres não procuram a cirurgia por vaidade. Elas chegam porque sentem dor ao fazer exercícios, desconforto com roupas apertadas ou dificuldade na relação sexual. O objetivo é recuperar qualidade de vida”, afirma.
Ele reforça que o aumento da informação tem sido determinante para a mudança de comportamento.
“Existe hoje uma abertura maior para falar sobre a vulva, sobre anatomia e saúde íntima. Isso faz com que as pacientes cheguem ao consultório mais seguras e conscientes do que desejam tratar”, complementa Patez.
A ginecologista e obstetra Dra. Déborah Elmor Faraco Coelho, fundadora da clínica DTBC – D-Total Body Care, segue a mesma linha e destaca a necessidade de avaliação profunda e responsabilidade médica.
“O desejo pela cirurgia íntima deve partir de reflexões sobre função, estética e bem-estar, sempre com diagnóstico preciso e tratamento individualizado”, explica.
Ela lembra que o termo “cirurgia íntima” engloba diversas intervenções além da labioplastia, como correções de assimetria, remodelagem do capuz clitoriano e tratamentos contra flacidez vulvar.
“Temos visto mulheres buscando esses procedimentos não apenas pela aparência, mas porque sofrem com desconfortos físicos ou alterações após a gestação. Em muitos casos, a cirurgia devolve autonomia e conforto”, reforça.
Com novas tecnologias, como o laser de CO₂ e técnicas regenerativas, a área tem avançado para uma abordagem mais completa.
“Na minha prática, avaliamos o aspecto funcional, emocional e anatômico. Muitas vezes, conseguimos excelentes resultados com terapias hormonais ou regenerativas, sem necessidade de cirurgia”, destaca a especialista.
Mesmo diante do crescimento, ambos os médicos reforçam a importância do acompanhamento correto. Para a Dra. Déborah, clareza e segurança são indispensáveis:
“A paciente precisa compreender exatamente o que a cirurgia pode oferecer. O objetivo não é criar um padrão idealizado de vulva, e sim restaurar harmonia e conforto”, afirma.
O Dr. Patez faz um alerta semelhante:
“Não existe vulva perfeita. Existe saúde, autoestima e bem-estar. Cada mulher tem uma anatomia única, e o nosso papel é orientar com ética e responsabilidade”, diz.
Com mais informação circulando nas redes sociais, reportagens e discussões abertas sobre saúde feminina, clínicas capixabas têm observado aumento constante na demanda por avaliações e procedimentos íntimos. Para especialistas, a tendência deve continuar — não como modismo, mas como parte de uma ginecologia moderna que une estética, funcionalidade e saúde sexual.