
Tomar um único comprimido que combine dois ou mais medicamentos para pressão arterial pode facilitar o tratamento da hipertensão e trazer benefícios duradouros para a saúde do coração. A estratégia, segundo um novo estudo, ajuda a reduzir a pressão de forma mais rápida e eficaz do que o uso de vários comprimidos separados e ainda pode diminuir o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
As conclusões fazem parte de um novo documento científico da American Heart Association (AHA, na sigla em inglês), publicado na última segunda-feira (15/12) na revista Hypertension. O trabalho, elaborado em parceria com o American College of Cardiology, indica que mudanças no estilo de vida devem ser associadas ao uso de medicamentos sempre que necessário.
O que é hipertensão?
- A pressão alta, ou hipertensão arterial, ocorre quando há uma alta força exercida pelo sangue nas paredes dos vasos sanguíneos, quando ele é bombeado pelo coração.
- A medicina considera quadro de pressão alta quando os valores ultrapassam os 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio) ou 14 por 9.
- Tontura, falta de ar e dor de cabeça são sintomas comuns da pressão alta. No entanto, na maioria das vezes, a pessoa não apresenta indícios que acusem o problema e só o descobre quando o quadro se agrava.
- Apesar de não ter cura na maioria das vezes, a hipertensão tem controle com medicamentos e a adoção de hábitos saudáveis.
“A maioria das pessoas com pressão alta precisa de dois ou mais medicamentos para atingir os níveis de pressão arterial desejados, no entanto, tomar vários comprimidos por dia pode ser confuso ou difícil de controlar”, disse o professor Jordan B. King, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, e presidente do grupo responsável pela declaração científica, em comunicado.
Para pessoas com pressão arterial a partir de 140/90 mmHg, classificadas no estágio 2 da doença, a recomendação é iniciar o tratamento já com dois medicamentos ao mesmo tempo, de preferência reunidos em um único comprimido.
“Pessoas que utilizam um comprimido único tendem a alcançar o controle da pressão mais rapidamente do que aquelas que tomam os mesmos fármacos separadamente”, afirma o especialista.
O documento destaca que a doença frequentemente não provoca sintomas, o que contribui para a falsa percepção de que o tratamento não é essencial. A American Heart Association reforça que manter a pressão dentro dos valores recomendados reduz de forma significativa o risco de doenças cardíacas, AVC, insuficiência renal, declínio cognitivo e demência.
Os autores também diferenciam os medicamentos combinados das chamadas polipílulas. Enquanto os comprimidos combinados reúnem apenas remédios para reduzir a pressão arterial, as polipílulas incluem outros fármacos, como estatinas ou aspirina, e têm um objetivo mais amplo de prevenção cardiovascular.
Benefícios e limites da estratégia
De acordo com o documento, o uso de medicamentos combinados em um único comprimido pode tornar o tratamento mais simples, facilitar a adesão à prescrição e reduzir entre 15% e 30% o risco de eventos cardiovasculares graves, como infarto, AVC, internações por insuficiência cardíaca e morte. A estratégia também pode gerar economia ao longo do tempo para pacientes e sistemas de saúde.
Apesar dos benefícios, ainda existem barreiras para a adoção mais ampla dessa abordagem. Entre elas estão a falta de familiaridade de alguns profissionais com as combinações disponíveis, a menor flexibilidade para ajustes de dose e questões relacionadas a custo e cobertura por planos de saúde.
Em muitos casos, seguradoras ainda exigem a prescrição dos medicamentos de forma separada, mesmo diante de evidências de que os comprimidos únicos podem ser mais econômicos no longo prazo.
Os autores também destacam a necessidade de mais estudos em grupos de maior risco, como pessoas com hipertensão resistente, doença renal crônica, diabetes, insuficiência cardíaca e idosos.
FONTE:METROPOLES
