
Desde a publicação da matéria da Folha do ES no dia 20 de junho, em que o professor Ériton Berçaco denuncia perseguição institucional dentro da Superintendência Regional de Educação (SRE) de Cachoeiro de Itapemirim, o caso tem ganhado novas proporções. Na sessão desta segunda-feira (24), a deputada Camila Valadão (PSOL) levou o tema à tribuna da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Outro ex-diretor escolar da mesma regional também relatou episódio semelhante, enquanto o Ministério Público Estadual instaurou procedimento para apurar suspeita de fraude em licitação envolvendo empresas ligadas à família da superintendente Fernanda Vilela.
A denúncia do professor Ériton Berçaco, exonerado da direção da EEEFM Marcondes de Souza, em Muqui, gerou grande repercussão entre a comunidade escolar e os servidores da rede estadual. A matéria da Folha do ES publicada no dia 20 de junho trouxe à tona alegações de perseguição institucional promovida pela atual superintendente da SRE de Cachoeiro de Itapemirim, Fernanda Ferreira Villela Vieira .
A situação ganhou voz na Assembleia Legislativa nesta segunda-feira (24), quando a deputada estadual Camila Valadão (PSOL) comentou o caso em discurso na tribuna. A parlamentar defendeu a transparência nos processos administrativos e o respeito aos princípios da gestão democrática na educação pública capixaba. Confira no vídeo abaixo:
Paralelamente, outro ex-diretor da mesma regional, o professor Alexandro Gomes, que comandava a EEEFM Domingos José Martins, em Marataízes, também relatou ter passado por situação semelhante. Em comentário na publicação da Folha do ES, Alexandro disse ter sofrido seis meses de assédio até ser dispensado, apesar da oposição do Conselho Escolar e das manifestações dos estudantes a seu favor. Ele ainda criticou a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) por ignorar os apelos da comunidade.
O caso foi anteriormente noticiado pelo Século Diário, em maio de 2024, na matéria intitulada “Estudantes protestam contra a troca de diretor de escola em Marataízes”. O ex-diretor também informou à reportagem que formalizou denúncia junto ao Ministério Público Estadual, conforme protocolo nº 20240011848541.
Além dos relatos de perseguição, a Folha do ES teve acesso a documento oficial do Ministério Público do Espírito Santo, datado de 28 de maio, que trata da instauração de uma Notícia de Fato para apurar uma denúncia anônima envolvendo a própria superintendente Fernanda Vilela. Segundo o documento, a gestora teria favorecido duas empresas — Atari Distribuidora para Sistemas Escolares LTDA e Evoluir Materiais Escolares e Serviços LTDA — em processos licitatórios. As empresas estariam em nome do marido de Fernanda, Eduardo Oliveira Villela Vieira Filho, e da filha, Isabella Vieira, além de estarem registradas no mesmo endereço físico em Cachoeiro de Itapemirim.
Para acessar o PDF da Notícia Fato, clique aqui.
O MPES apura se houve falsificação de assinaturas e carimbos em uma das licitações, além de possível ocultação do processo para impedir a participação de concorrentes.
Um detalhe curioso no documento do MP é que, na lista de diligências iniciais, consta a expedição de ofício para a então superintendente “Celeida Chamão de Medeiros”. A menção, no entanto, trata-se de um erro material, já que quem atualmente ocupa a Superintendência de Cachoeiro é Fernanda Vilela. A citação equivocada sugere que o modelo do documento pode ter sido reaproveitado sem atualização completa.
Ainda como desdobramento, circula uma petição pública que pede o afastamento da superintendente. O abaixo-assinado pode ser acessado por meio do link:https://peticaopublica.com.br/?pi=BR152059.
Além das denúncias contra a superintendente, um outro movimento, contra o secretário Vitor de Angelo ganha força. São cobradas ações do secretário no âmbito das acusações contra funcionários públicos que são cargo-de-confiança de sua gestão, ao mesmo tempo, sua omissão também é confrontada com a sua intenção de se lançar pré-candidato à deputado federal em 2026.
As imagens abaixo estão em circulação em diversos grupos de whatsapp e em outras redes sociais:


Em nota enviada ao Século Diário, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) disse, em nota, que:
“recebeu denúncia relacionada à Superintendência Regional de Educação (SRE) de Cachoeiro de Itapemirim, a qual está sendo apurada em conjunto com os órgãos competentes. O processo tramita sob sigilo, conforme previsto na legislação vigente, razão pela qual a secretaria se limita a acompanhar os trâmites legais, respeitando a confidencialidade necessária à condução das investigações”.
A Folha do ES segue acompanhando o caso e permanece à disposição da Secretaria de Estado da Educação e da SRE de Cachoeiro de Itapemirim para manifestações oficiais.