Deputada propõe abono de falta para acompanhar dependente

Medida valeria para trabalhadores contratados de empresas públicas em casos de falta para acompanhar filho ou dependente em compromissos médicos ou escolares

Camila Valadão cita situação de mães solo para embasar falta ao trabalho sem desconto na remuneração / Foto: Lucas S. Costa -

Trabalhadores de empresas prestadoras de serviços ao poder público poderão ter direito ao abono de falta justificada para acompanhamento médico ou escolar de filhos, tutelados ou qualquer pessoa sob a responsabilidade do empregado. O abono impede quaisquer descontos na remuneração do funcionário. A medida está no Projeto de Lei (PL) 280/2025, de autoria da deputada Camila Valadão (Psol).

A autora da proposta argumenta que cuidar é um ato político, podendo ser considerado também tempo produtivo. Atualmente, afirma, a legislação afeta principalmente as mulheres trabalhadoras. 

“Hoje, a legislação federal impõe um limite extremamente restritivo: apenas um dia por ano é permitido, sem prejuízo salarial, para que responsáveis legais levem suas crianças ou adolescentes a uma consulta médica. Não há previsão legal para abonar faltas em casos de internações, tratamentos prolongados ou mesmo para participação em reuniões escolares”, comenta. 

Por outro lado, a deputada entende que os estados têm competência para legislar sobre normas específicas de licitação e contratos e isso envolve a definição de abono aos seus trabalhadores.

Maternidade solo e atípica

Camila Valadão apresenta na justificativa do PL dados para embasar a medida: “Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (2022), o Brasil conta com mais de 11 milhões de mães solo, sendo 90% delas mulheres negras. A maioria vive em domicílios monoparentais e é a única responsável pelo sustento e cuidado de seus filhos”.

Também chama a atenção para a maternidade atípica.

“(…) cerca de 70% das cuidadoras de pessoas com deficiência são mulheres e mais da metade delas não consegue manter vínculos formais de trabalho devido à ausência de políticas de apoio ao cuidado”.

A deputada defende a medida como forma de minimizar os transtornos para essas mães.

“Cuidar, nesse contexto, é também resistir ao abandono e sobreviver em meio à negligência estrutural. A garantia de ausências abonadas para consultas, internações e reuniões escolares é um passo mínimo, mas poderoso, rumo a uma reparação histórica”, conclui. 

Análise

A matéria foi lida e começou a tramitar na Casa no dia 12 de maio e segue para análise nas comissões de Constituição e Justiça; de Defesa dos Direitos Humanos; de Saúde e Saneamento; de Educação; e de Finanças.

FONTE: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESPÍRITO SANTO