Prefeito Arnaldo Borgo, Vila Velha-ES -

O prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (sem partido), publicou no último dia 11 um artigo assinado por ele mesmo, com o título: “Renovação segura para enfrentar os desafios dos novos tempos no ES”. No texto, o próprio Arnaldinho se apresenta como uma espécie de salvador moderno, pronto para assumir o comando do Espírito Santo. É um exercício de autoexaltação que beira o constrangimento.

O tom do artigo revela mais do que ambição política — transparece uma certa carência emocional e um desejo compulsivo de aceitação e poder. Arnaldinho tenta convencer o eleitor de que está pronto para governar o Estado, e o argumento central que utiliza é… ele mesmo. Sua crença em sua própria capacidade é tão grande que dispensa validações externas, alianças concretas ou trajetória consolidada. Como se fosse possível, na política, ser candidato de si mesmo.

Essa movimentação precoce — e, em muitos aspectos, imprudente — carrega uma evidente digital: a do ex-governador Paulo Hartung. Hartung parece determinado a provar que ainda tem influência no cenário capixaba, mesmo que para isso precise lançar um nome que, até aqui, não demonstrou maturidade política. Arnaldinho, por sua vez, já dá sinais de rompimento com o atual governador Renato Casagrande, a quem deve parte do espaço que conquistou. Começa a campanha traindo aliados. É a velha síndrome do escorpião: não importa quem o ajude a atravessar o rio, a picada virá.

Mais do que uma candidatura antecipada, o gesto de Arnaldinho é uma tentativa forçada de transposição política — como se o rio pudesse correr para cima. Quer impor sua presença no debate estadual da mesma forma como, em Vila Velha, a chuva impõe o caos: alagando tudo, sem planejamento, sem estrutura, sem saída.

O gesto de “meter o pé na porta” pode agradar ao ego, mas não constrói pontes. Arnaldinho quer sentar à mesa das decisões, mas ainda veste calça curta — expressão que, na política, define quem ainda não tem estatura suficiente para liderar um projeto de Estado.

O Espírito Santo não precisa de voluntarismo travestido de renovação. Precisa de líderes com visão, preparo e, acima de tudo, lealdade. Arnaldinho, por enquanto, entrega apenas ansiedade e marketing.