Entre o Retrocesso e a Renovação: A Escolha que o PT Precisa Fazer

Jack Rocha e João Coser -

O Partido dos Trabalhadores se encontra diante de uma encruzilhada política no Espírito Santo. A disputa interna entre João Coser e Jack Rocha, ambos nomes cotados para liderar o projeto do partido nas próximas eleições, representa muito mais do que uma simples escolha eleitoral. É, na verdade, um termômetro da capacidade do PT de se reinventar — ou de afundar de vez em sua própria história.

João Coser, ex-prefeito e figura histórica do partido, representa a continuidade de um modelo político já conhecido, marcado por práticas convencionais e por uma trajetória que se confunde com os anos de desgaste enfrentados pelo PT. Seu nome remete à política de bastidores, à velha guarda que dominou o partido por décadas, mas também ao período mais crítico de desgaste institucional.

Do outro lado, Jack Rocha simboliza o novo. Sua atuação política ganhou força justamente no auge da crise da Lava Jato, quando o PT enfrentava o maior descrédito de sua história. Enquanto muitos se calaram ou se afastaram da vida pública, Jack se manteve firme, enfrentando cobranças, ouvindo críticas e se colocando à disposição de um processo de reconstrução.

A pergunta que se impõe é: a Lava Jato foi um ponto de inflexão para o PT ou apenas um contratempo passageiro? Se o partido decidir pelo retorno de Coser, estará sinalizando que pouco ou nada aprendeu com os erros do passado. Será, para muitos, a escolha de Barrabás — uma opção pelo velho, pelo conhecido, pelo que já não serve mais. Um salto para trás, em plena era que exige avanço.

Por outro lado, uma eventual escolha por Jack Rocha representará mais do que uma aposta em uma nova liderança. Será a coroação de uma tentativa de renovação real. Não apenas de nomes, mas de práticas, de discursos, de postura frente à sociedade. Será um gesto de inteligência política, de leitura de conjuntura, de conexão com o presente.

Para um partido que ainda carrega o peso de escândalos e a desconfiança de amplos setores da população, essa escolha será emblemática. Não se trata apenas de eleger um pré-candidato. Trata-se de escolher qual será o futuro do PT no Espírito Santo — e, talvez, em parte, no Brasil.

A política tem seus símbolos. Neste caso, os nomes de Coser e Jack representam dois caminhos distintos. Cabe ao PT decidir se seguirá insistindo no passado ou se ousará construir um novo ciclo.

O eleitor capixaba estará atento. E saberá, mais uma vez, distinguir entre quem olha para o retrovisor e quem enxerga o horizonte.