“Brain rot”: excesso de conteúdo superficial afeta a mente

Especialistas alertam para os riscos do consumo exagerado de conteúdo digital e oferecem dicas para manter a saúde mental

"Brain rot" ou "cérebro podre" é a deterioração do estado intelectual causada pelo consumo excessivo de conteúdo superficial. Foto: Freepik -

Por Patrícia Esteves

“Brain rot” é uma expressão que vem ganhando popularidade, especialmente na internet, e se refere àquela sensação de estar com a mente “atrofiada” ou “enferrujada” por excesso de conteúdo superficial ou repetitivo. Sabe quando você passa horas rolando o feed do Instagram ou TikTok, ou maratonando vídeos curtos no YouTube e, no final, sente que sua cabeça está meio vazia ou cansada? É essa a ideia.

Muita gente usa o termo de forma irônica para falar sobre o impacto do consumo exagerado de entretenimento rápido ou de conteúdos que não exigem muito esforço mental. Esse “brain rot” pode realmente afetar a concentração, a criatividade e até o bem-estar emocional, se não for equilibrado. Por outro lado, momentos de lazer e entretenimento são importantes — então, a chave está no equilíbrio.

O termo, que significa “cérebro podre” ou “deterioração cerebral”, foi escolhido pela Universidade de Oxford como a palavra do ano de 2024. Embora a expressão tenha começado como uma piada entre os jovens nas redes sociais, ela está se tornando uma preocupação real entre especialistas em educação e saúde mental.

O impacto do “brain rot”

Originalmente associado ao consumo exagerado de conteúdos triviais na internet, o “brain rot” agora está sendo usado como uma tática curiosa para estudar. Estudantes estão recorrendo a plataformas que transformam textos acadêmicos em vídeos curtos, com vozes robóticas narrando o conteúdo e cenas vibrantes de jogos ou memes ao fundo. A ideia é simular a experiência rápida e visualmente estimulante das redes sociais.

Segundo o portal G1, ferramentas como Coconote, Raena e PDF to Brain Rot são algumas das opções mais populares para gerar esse tipo de vídeo. O apelo visual atrai especialmente os jovens acostumados ao consumo rápido de informações, que associam esse estilo de conteúdo à liberação de dopamina — neurotransmissor relacionado à sensação de prazer.

Os riscos do aprendizado superficial

Embora essa forma de estudar possa parecer prática, especialistas alertam para os riscos envolvidos. O principal problema é que esses vídeos criam uma falsa sensação de aprendizado. Ao priorizar imagens chamativas e textos simplificados, o processo de assimilação do conteúdo é prejudicado. Atividades que consolidam o aprendizado, como anotar ou resolver exercícios, acabam sendo deixadas de lado.

Outro ponto crítico é a sobrecarga cognitiva. As imagens rápidas e o excesso de estímulos podem dificultar a concentração e tornar mais desafiadora a compreensão real dos temas abordados. Além disso, a leitura profunda e a análise crítica acabam sendo prejudicadas, comprometendo o desenvolvimento intelectual.

Redes sociais usam imagens impactantes e sons estimulantes que ativam o sistema de recompensa cerebral, liberando dopamina. Foto: Freepik
Redes sociais usam imagens impactantes e sons estimulantes que ativam o sistema de recompensa cerebral, liberando dopamina. Foto: Freepik

Equilíbrio e hábitos saudáveis

Em vez de rejeitar por completo o uso dessas ferramentas, educadores e pais podem incentivar um equilíbrio saudável. Incorporar o uso consciente da tecnologia no cotidiano é um caminho eficaz para evitar que o “brain rot” afete o aprendizado e a saúde mental dos jovens.

O pastor Dario Brunet destaca que os pais têm papel fundamental nesse processo, especialmente ao ensinarem seus filhos sobre o valor do tempo e da disciplina. “A presença dos pais e o incentivo ao estudo ativo são fundamentais para que os jovens aprendam a equilibrar o tempo de lazer e aprendizado”, explica Brunet.

Entendendo melhor o que é “brain rot”

Segundo o Hospital Albert Einstein, o “brain rot” é a deterioração do estado mental ou intelectual causada pelo consumo excessivo de conteúdo trivial e pouco desafiador, muito associado ao uso excessivo das telas. A condição pode levar a sintomas como dificuldade de concentração, fadiga mental e desatenção, afetando tanto a saúde física quanto as relações socioemocionais.

Três pontos para entender melhor o “brain rot” e seus impactos

Como a internet afeta o funcionamento do cérebro?

Redes sociais usam imagens impactantes e sons estimulantes que ativam o sistema de recompensa cerebral, liberando dopamina. Isso gera uma busca constante por gratificações rápidas e pode reduzir a tolerância a processos mais longos e exigentes, como a leitura aprofundada ou o raciocínio crítico.

Como identificar os sinais de “brain rot”?

Inquietude, impaciência e irritabilidade estão entre os sinais mais comuns. A dificuldade para lidar com frustrações, a sensação de inadequação e a baixa autoestima também podem indicar que a mente está sobrecarregada pelo consumo excessivo de conteúdo digital.

Como evitar o “brain rot”?

1 – Estabeleça limites de tempo para o uso de telas;

2 – Desative as notificações do celular para evitar distrações constantes;

3 – Faça suas refeições sem o celular por perto;

4 – Programe momentos sem tecnologia, especialmente próximo ao horário de dormir;

5 – Invista em atividades que exercitem o cérebro, como leitura, quebra-cabeças ou jogos que estimulam o raciocínio lógico.

FONTE: ES BRASIL