A Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim não lidera o ranking de gastos legislativos do Espírito Santo. Esse posto pertence à Câmara de Vitória, que opera com orçamento próximo de R$ 100 milhões por ano. Ainda assim, o Legislativo cachoeirense se destaca pelo peso relativo de suas despesas e pela distância entre custo e resultado.
Cachoeiro destina cerca de R$ 30 milhões anuais para manter uma Câmara composta por 19 vereadores. Na prática, cada mandato custa aproximadamente R$ 1,5 milhão por ano. O número não choca isoladamente, mas incomoda quando confrontado com a realidade da cidade e com a atuação política efetiva do Legislativo.
O problema não está apenas na cifra global. Ele se revela na baixa intensidade da fiscalização, na timidez dos embates e na repetição de pautas periféricas. Enquanto contratos milionários atravessam gestões, a Câmara se mantém confortável dentro do limite constitucional, como se legalidade bastasse para justificar desempenho modesto.
Quando o morador entende que desembolsa algo próximo de R$ 150 por ano para sustentar o Legislativo municipal, a cobrança ganha outro peso. Esse valor deveria se traduzir em controle rigoroso dos gastos do Executivo, em comissões atuantes e em enfrentamento político real. O que se vê, porém, é uma atuação que raramente incomoda.
Uma Câmara forte não se mede pelo tamanho do orçamento, mas pela capacidade de agir como freio institucional. Cachoeiro não precisa de um Legislativo caro. Precisa de um Legislativo vigilante, técnico e presente. Enquanto os números crescem e a fiscalização encolhe, o custo político recai diretamente sobre o contribuinte.
