O uso constante de celulares, computadores e tablets tem provocado impactos diretos na saúde postural. Na era digital, passar horas diante das telas virou rotina. No entanto, esse hábito tem ampliado os casos de “tech neck”, conhecido como pescoço tecnológico. A condição está ligada à inclinação frequente da cabeça ao olhar para dispositivos.

Segundo estudo da Bain & Company, de 2025, os brasileiros passam, em média, 9 horas e 13 minutos por dia em frente às telas. Esse tempo elevado de conexão, aliado à postura incorreta, sobrecarrega a coluna cervical.

O termo “tech neck” descreve o desgaste causado pela posição inadequada do pescoço por longos períodos. De acordo com o professor de ortopedia Pedro Pillar, o problema está relacionado ao aumento da carga sobre a coluna.

“O peso da cabeça, que normalmente é de cerca de 4,5 a 5 kg, pode representar até 25 kg sobre a coluna cervical, dependendo do ângulo de inclinação”, explica.

Ainda segundo o especialista, a pressão cresce conforme a cabeça se projeta para frente. Assim, olhar para baixo repetidamente equivale a sustentar um peso elevado por horas. Esse esforço contínuo compromete músculos, articulações e estruturas ósseas do pescoço.

Sobrecarga

Com o passar do tempo, a sobrecarga pode gerar dores cervicais persistentes e rigidez muscular. Além disso, surgem desalinhamentos posturais e desgaste precoce das vértebras.

Entre os sintomas mais comuns estão dores no pescoço, ombros e parte superior das costas. Também podem ocorrer dores de cabeça frequentes e sensação de formigamento nos braços.

Em situações mais graves, o quadro evolui para compressão de nervos e perda de mobilidade. Por isso, a atenção aos sinais iniciais é fundamental.

O médico reforça a necessidade de prevenção e percepção do próprio corpo. “O tech neck é um exemplo claro de como o uso excessivo de dispositivos eletrônicos pode afetar nossa saúde de forma silenciosa”, afirma.

Segundo ele, o problema se instala de forma gradual. Muitas vezes, passa despercebido até o agravamento dos sintomas. “O corpo dá sinais, e é fundamental reconhecê-los antes que pequenas dores se transformem em problemas mais sérios”, explica o especialista.

Tratamento

O ortopedista destaca que quando necessário, o tratamento do “tech neck” pode envolver uma abordagem combinada, sempre com acompanhamento médico, dependendo da intensidade dos sintomas.

Geralmente inclui fisioterapia, com técnicas de liberação miofascial, alongamentos e fortalecimento da musculatura cervical e escapular; correção postural, por meio de exercícios, e terapias complementares, como acupuntura, quiropraxia e pilates terapêutico, que auxiliam na reeducação postural e alívio da dor.

Em casos de dor persistente, formigamentos ou limitação de movimento, é fundamental buscar avaliação médica com ortopedista ou fisiatra para descartar lesões mais graves. Em alguns casos, o tratamento pode ainda incluir o uso de medicamentos anti-inflamatórios.

FONTE: ES 360