Ricardo Ferraço e a continuidade da escola política do Sul

Ricardo Ferraço -

O vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) reúne hoje os principais fatores políticos para consolidar seu nome na sucessão do Palácio Anchieta. Pré-candidato ao governo do Espírito Santo, ele se insere em um ciclo histórico marcado pela forte presença do Sul do Estado no comando político capixaba.

Desde a redemocratização, essa influência se repete. Gerson Camata, de Castelo, governou por um mandato. Em seguida, Paulo Hartung, de Guaçuí, comandou o Estado por três vezes. Logo depois, Renato Casagrande, também de Castelo, assumiu e hoje cumpre o terceiro mandato. Assim, a sucessão natural aponta novamente para o Sul, desta vez com Cachoeiro de Itapemirim no centro do tabuleiro.

Cachoeiro de volta ao Palácio Anchieta

Caso a candidatura se confirme vitoriosa, Ricardo Ferraço será o primeiro governador cachoeirense desde Jerônimo de Sousa Monteiro, que governou o Espírito Santo entre 1908 e 1912. Com isso, o Estado manteria viva a chamada escola política sulina, conhecida pelo pragmatismo administrativo, pelo diálogo institucional e pela visão desenvolvimentista.

Além disso, a origem geográfica não é um detalhe menor. Cachoeiro sempre exerceu papel estratégico na formação política do Espírito Santo. Portanto, o retorno de um nome da cidade ao comando do Estado carrega simbolismo e expectativa.

A força do sobrenome Ferraço

Outro elemento decisivo é a linhagem política. Ricardo é filho de Theodorico Ferraço, o político mais longevo da história capixaba. Ativo desde os anos 1960, Theodorico exerce atualmente, aos 88 anos, o quinto mandato como prefeito de Cachoeiro de Itapemirim.

Dessa forma, o sobrenome Ferraço não representa apenas herança familiar. Ele simboliza capilaridade política, presença territorial e memória eleitoral acumulada ao longo de décadas.

O bastão passado por Casagrande

No plano institucional, o movimento sucessório já começou. Renato Casagrande passou o bastão e deixou claro o desenho político para 2026. Ricardo lidera as articulações e, além disso, tende a ganhar ainda mais projeção quando assumir o governo em abril, com a saída de Casagrande para disputar o Senado.

Nesse contexto, o cargo de governador, ainda que temporário, funciona como vitrine política. Ele amplia visibilidade, fortalece alianças e confere controle direto da agenda administrativa.

O paralelo histórico com Jerônimo Monteiro

A comparação com Jerônimo Monteiro surge de forma quase automática. Nascido em Cachoeiro, ele deixou um legado de modernização. Durante seu governo, iniciou as obras do Porto de Vitória, implantou o sistema de energia elétrica em Cachoeiro e na capital, além de promover reformas estruturantes na educação.

Por isso, sua relevância ultrapassou o próprio mandato. Em 1958, um município capixaba passou a levar seu nome, consolidando sua marca na história política do Estado.

Um ciclo que se renova

Mais de um século depois, Ricardo Ferraço pode trilhar caminho semelhante. Não apenas pela origem, mas pelo momento político. Se vencer, sua eleição não representará apenas alternância de poder. Pelo contrário, reafirmará um ciclo histórico em que o Sul do Espírito Santo segue formando, projetando e elegendo seus governantes.

A sucessão está em marcha. E, neste momento, Ricardo Ferraço corre na frente.to, Ricardo Ferraço corre na frente.