Paraguai convoca embaixador do Brasil para explicar “Abin paralela”

Convocação do embaixador José Antônio Marcondes aconteceu após suposta ação hacker do Brasil, via Abin, contra o Paraguai

O embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, foi convocado pela diplomacia paraguaia para dar explicações sobre o suposto ataque hacker da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o governo local. O anúncio foi feito nesta terça-feira (1º/4) pelo chanceler Rubén Ramírez Lezcano.

Espionagem contra o Paraguai

  • Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é acusada de realizar uma invasão hacker contra sistemas do Paraguai, com o objetivo de coletar informações sobre negociações envolvendo a Usina de Itaipu.
  • O caso foi inicialmente foi revelado pelo portal UOL, com base em uma investigação da Polícia Federal (PF).
  • A operação teria sido planejada ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL) e realizada na atual administração brasileira, sob o comando de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 
  • O governo brasileiro nega que a ação tenha saído do papel.

Além do diplomata brasileiro, o embaixador paraguaio no Brasil Juan Ángel Delgadillo também foi chamado para consultas sobre o tema.

Convocamos o embaixador do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes, para que ele ofereça explicações detalhadas sobre a ação de inteligência conduzida pelo Brasil, mediante a entrega de uma nota oficial que explique detalhadamente as ações desenvolvidas no marco dessa ordem, que foi colocada em prática pelo governo do Brasil”, disse o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, durante coletiva de imprensa.

Ainda de acordo com a chancelaria paraguaia, as negociações sobre o Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as condições de comercialização de energia gerada pela usina hidrelétrica comandada pelos dois países, também foram suspensas até que o caso seja esclarecido.

Na segunda-feira (31/3), Lezcano falou sobre a suposta ação de espionagem da Abin contra o governo do Paraguai, com o objetivo de obter informações sobre negociações envolvendo a Usina de Itaipu. Até aquele momento, o chanceler disse que Assunção não tinha evidências de que os sistemas do país tivesse sido atacados pelo Brasil.

Depois da revelação, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou a existência da operação hacker contra a administração paraguaia. O Ministério das Relações Exteriores, contudo, disse que a ação foi autorizada pela administração de Jair Bolsonaro (PL), em 2022, e posteriormente abortada pela atual gestão petista, em março de 2023.

O Itamaraty afirmou, em nota nessa segunda-feira (31/3), que “o governo do presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência, noticiada hoje, contra o Paraguai, país-membro do Mercosul com o qual o Brasil mantém relações históricas e uma estreita parceria”.

Até o momento, o Itamaraty ainda não se pronunciou sobre a convocação do embaixador José Antônio Marcondes.

FONTE: JUNIO SILVA – METRÓPOLES