Um novo estudo, publicado na edição de janeiro da revista European Psychopharmacology, sugere que um suplemento amplamente utilizado para ganho de massa muscular pode ter efeitos positivos no tratamento da depressão.
Segundo os autores da pesquisa, uma dose diária de creatina ajudou pessoas com depressão grave, em tratamento terapêutico com psicólogos, a reduzir os sintomas do transtorno mental.
O estudo, feito por um grupo de pesquisadores de instituições do Reino Unido, incluiu 100 voluntários com idade média de 30 anos e diagnóstico de depressão grave. Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu creatina diariamente, enquanto o outro tomou placebo.
Ao final de oito semanas, o grupo que usou o suplemento combinado com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) teve redução mais significativa dos sintomas depressivos em comparação ao que recebeu psicoterapia com placebo.
A creatina, há décadas estudada por seus benefícios no desempenho físico, ganhou destaque nos últimos anos pelas possíveis aplicações na saúde mental. Neste caso, pesquisadores do Reino Unido investigaram se o suplemento poderia potencializar os efeitos da TCC, sem o uso de medicamentos antidepressivos.
Resultados promissores do suplemento
Ao final do período de oito semanas, o grupo que consumiu creatina apresentou melhora média de cinco pontos na escala PHQ-9, usada para medir a gravidade da depressão.
Esse resultado foi significativamente superior ao do grupo placebo, que também apresentou reduções ao ser comparado com o início do tratamento, mas elas foram menores.
Como a pontuação total máxima do teste é de 27 pontos — sendo que uma pontuação mais alta indica maior gravidade dos sintomas depressivos —, a redução de cinco pontos como a potencializada pela creatina foi considerada pelos pesquisadores “muito promissora”.
Do grupo que recebeu creatina, 12 participantes (24%) atingiram remissão completa dos sintomas depressivos, contra apenas cinco no grupo controle.
Cautela e novas perspectivas
Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores destacam que as conclusões são preliminares e não devem influenciar as diretrizes clínicas por enquanto.
A creatina, apesar de ser considerada segura e de baixo custo para ser incluída na dieta, precisa de investigações mais amplas e de longo prazo antes de passar a ser considerada uma terapia complementar no combate à depressão.
FONTE: METRÓPOLES