Colesterol alto em crianças preocupa especialistas no ES

Colesterol elevado afeta 1 em cada 4 jovens no Brasil e exige prevenção já na infância e adolescência contra sedentarismo e excesso de telas

Por Amanda Amaral

Um estudo aponta que mais de um quarto das crianças/adolescentes brasileiros (27,4%) têm colesterol total elevado, de acordo com os parâmetros da Sociedade Brasileira de Cardiologia, e uma em cada cinco (19,2%), possuem níveis alterados de LDL, o chamado “colesterol ruim”.

Os dados são de uma revisão de estudos de 2023 desenvolvida por pesquisadores da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em razão do Dia Nacional de Combate ao Colesterol, que acontece anualmente todo dia 08 de agosto, especialistas alertam sobre os riscos precoces dessa condição em crianças e adolescentes e dão dicas de prevenção.

O colesterol é um tipo de gordura essencial ao corpo humano, mas, quando as taxas estão elevadas, pode levar ao entupimento das artérias, sendo um fator de risco para doenças cardiovasculares como AVC e infarto.

A nutricionista Ariane Dias, coordenadora do curso de Nutrição da Estácio no Espírito Santo, destaca que a alimentação ruim é o principal motivo para este cenário crítico.
“O consumo elevado de alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes, biscoitos recheados e fast food, está fortemente associado ao aumento do colesterol LDL, colesterol total e triglicerídeos, além de contribuir para a redução do HDL, que é o colesterol bom”, explica.

Esses alimentos são ricos em gorduras saturadas, trans, sódio e açúcares refinados, além de pobres em fibras, segundo a nutricionista, o que resulta em uma combinação perigosa para a saúde cardiovascular, principalmente, para quem tem histórico familiar de doenças cardíacas, obesidade ou diabetes.

A triagem de colesterol em crianças e adolescentes deve ser feita em momentos estratégicos, conforme orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ariane explica que, em casos com fatores de risco, os exames devem começar entre 2 e 8 anos de idade. Já para a população em geral, a recomendação é realizar exames entre 9 e 11 anos, repetindo entre 17 e 21 anos.

Ariane Dias é nutricionista. Foto: Divulgação
Ariane Dias é nutricionista. Foto: Divulgação

Ela também chama atenção para as barreiras que dificultam a adoção de hábitos mais saudáveis pelos jovens. “Falta de tempo, o sabor atrativo dos ultraprocessados, pressão social e a própria influência dos hábitos familiares são obstáculos comuns. Muitos jovens não se sentem confiantes ou motivados a mudar”, avalia. Entre as estratégias sugeridas, estão a redução do consumo de industrializados, o aumento do consumo de frutas, verduras, grãos integrais e sementes, além de envolver toda a família nas mudanças alimentares. A prática regular de exercícios também é fundamental.

Atividades físicas

Para a professora Roberta Rica, do curso de Educação Física do Centro Universitário Estácio de Vitória, o sedentarismo é outro grande vilão e é elevado pelo uso excessivo de telas.
“Quando os jovens passam muito tempo sentados, com pouca atividade física, o corpo gasta menos energia, favorecendo o acúmulo de gordura no sangue. Isso é ainda mais problemátcio porque, geralmente, o tempo de tela vem acompanhado de uma alimentação ruim, como fast food e refrigerantes”, alerta.

Roberta Rica é professora de educação física. Foto: Divulgação
Roberta Rica é professora de educação física. Foto: Divulgação

A recomendação da especialista é clara: adolescentes devem praticar ao menos 60 minutos de atividade física diária, de preferência com intensidade moderada a vigorosa. Caminhadas rápidas, bicicleta, dança, natação e esportes coletivos são ótimas opções. Além disso, exercícios de força, como circuitos com o peso do próprio corpo ou musculação, também são benéficos, pois ajudam a aumentar a massa magra e o gasto calórico, mesmo em repouso. “O colesterol alto na juventude é um fator silencioso, mas pode ter consequências graves na vida adulta. A boa notícia é que, com alimentação equilibrada, atividade física regular e conscientização, é possível prevenir e até reverter esse quadro”, reforça Roberta.

FONTE: ES BRASIL