As exportações de café pelo Espírito Santo (ES) estão prestes a alcançar a segunda maior receita cambial da história. Dados preliminares do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) indicam que o Estado deve ultrapassar, após 14 anos, a marca de US$ 1,063 bilhão em exportações do produto.
Entre janeiro e outubro de 2025, 3,7 milhões de sacas de café foram embarcadas pelos portos capixabas. Mantido o ritmo dos últimos meses, o volume total do ano deve chegar a 4,4 milhões de sacas. Embora o número seja inferior ao registrado em 2023 e 2024 — quando o Espírito Santo exportou, respectivamente, 5,2 milhões e 8,4 milhões de sacas —, o resultado financeiro se destaca: até outubro, a receita cambial já somava US$ 1,061 bilhão, o que representa 59% do total de 2024 e 29% acima do apurado em 2023.
Segundo o CCCV, o desempenho de 2025 foi influenciado pelo baixo nível de oferta dos produtores, mesmo diante de preços acima da média histórica, especialmente para o café conilon. Outro fator que limitou embarques maiores foi a competitividade dos “robustas” do Vietnã no mercado internacional, além do “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sobre cafés brasileiros.
A entidade reitera que a participação nas exportações – especialmente no caso do conilon – deve consolidar uma constância das ofertas no mercado internacional com o objetivo de incluir nosso “robusta” (conilon capixaba) nos blends de todos os países, assim como já ocorre com os arábicas do Espírito Santo que já têm seu mercado assegurado e cativo.
Cenário promissor para 2026
Apesar das pressões enfrentadas em 2025, as perspectivas para 2026 são amplamente positivas. De acordo com o CCCV, as condições climáticas favoráveis e os investimentos dos produtores em mecanização e manejo das lavouras, impulsionados por bons preços nos últimos anos, devem resultar em uma boa colheita.
Outro fator de otimismo é o avanço da infraestrutura logística no Espírito Santo. O Terminal de Vila Velha (TVV), operado pela Log-In Logística Integrada, concluiu recentemente um amplo programa de modernização, incluindo a atualização completa dos portêineres.
Segundo o presidente do CCCV, Fabrício Tristão, o terminal teve desempenho exemplar no último ano: “Mesmo com parte dos equipamentos em reforma, o TVV registrou recorde histórico de movimentação de café e também de importação de veículos elétricos, demonstrando alta eficiência operacional”, destacou.
Na última semana, o TVV deu mais um passo rumo à modernização ao inaugurar a operação remota dos portêineres, tornando-se o primeiro porto da América Latina a adotar essa tecnologia. Em 2026, o terminal também contará com uma área adicional de 65 mil m², ampliando a capacidade de recepção, estufagem e embarque de café.
Além da Log-In TVV, os terminais da VPorts e da Portocel — que em 2024 realizaram suas primeiras operações de exportação de café na modalidade break-bulk — também estarão prontos para atender novas demandas nessa configuração logística.