Pacientes e funcionários de clínica da família se jogam no chão para se proteger de tiro no Rio

Violência é a principal responsável pelo fechamento de postos de saúde e clínicas da família

- Pessoas que aguardam atendimento se jogam no chão em clínicas da família para se proteger de tiros — Foto: Reprodução

Um paciente usando fralda geriátrica se jogando no chão para se proteger dos tiros numa clínica da família, pessoas que aguardam os atendimentos, incluindo crianças e idosos, fazendo o mesmo, assim como os funcionários. Essa é a rotina do medo que ronda as unidades de saúde do Rio localizadas em áreas de risco ou próximas delas, como mostram os diversos vídeos aos quais o EXTRA teve acesso. A violência levou clínicas e postos de saúde municipais a interromper o atendimento 698 vezes até meados de setembro, o que dá uma média de quase três fechamentos por dia.

“Como que é o nosso trabalho, oh meu Deus!”, lamenta o funcionário de uma clínica da família numa comunidade da Zona Norte, num vídeo que mostra diversos trabalhadores daquela unidade deitados no chão para se proteger de tiros. Fotos mostram as diversas marcas de tiros que estão por todo o canto. Em outra unidade, num complexo de favelas da Zona Norte, as imagens mostram portas de vidros estilhaçadas pelos disparos.

Um dos vídeos mais chocantes mostra um Centro Municipal de Saúde em meio a um fogo cruzado, numa cena que mais parece uma guerra. A unidade, que fica numa região conflagrada, também tem várias marcas de bala por todo canto, inclusive na porta de um consultório, além de vidros estilhaçados pelos disparos.

Outro vídeo mostra, durante um tiroteio, pacientes que aguardam atendimento numa unidade de saúde deitados no chão para se proteger dos disparos. Entre eles há, ao menos, uma criança e alguns idosos. “Misericórdia” diz uma mulher. “Muito tiro”, relata outra. Em um corredor, também deitado no chão, está um paciente usando uma fralda geriátrica.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a situação é rotineira e quase todas as unidades da rede já enfrentaram situação semelhantes, sobretudo as localizadas em áreas conflagradas ou consideradas de risco. Vários desses casos foram reportados às autoridades por meio de ofícios.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública, por meio de nota, disse reconhecer a gravidade dos fatos e que “está verificando a procedência de cada um dos fatos elencados, já que os números divulgados não constavam nos registros oficiais da polícia”. O texto reafirma ainda o compromisso com “a proteção de profissionais da saúde, pacientes e toda a sociedade”, mas destaca que “é fundamental manter o diálogo institucional entre os entes públicos, de forma respeitosa e construtiva”.

O que diz a polícia; leia a nota na íntegra

“A Secretaria de Estado de Segurança Pública reconhece a gravidade do fato e reitera que, somente após a repercussão na imprensa, recebeu a planilha enviada pela Secretaria Municipal de Saúde. A pasta está verificando a procedência de cada um dos fatos elencados, já que os números divulgados não constavam nos registros oficiais da polícia.

A Secretaria reafirma o compromisso com a proteção de profissionais da saúde, pacientes e toda a sociedade e reforça que é fundamental manter o diálogo institucional entre os entes públicos, de forma respeitosa e construtiva. O avanço do combate ao crime organizado deve ser enfrentado com responsabilidade, união e cooperação entre todas as esferas de governo.

A Secretaria de Segurança Pública destaca ainda que segurança e saúde são pilares essenciais para a população e não devem servir de munição para disputas políticas”.

FONTE: EXTRA