
Constrangimento e silêncio: Flavia Mignoni foi alvo de inquérito após acusação de racismo em sua cafeteria
Cafeteria de luxo é alvo de inquérito por suspeita de racismo
Um episódio ocorrido em 2021, nas dependências da TACK CAFETERIA, localizada no Shopping Vitória, levou à instauração de um inquérito policial por suspeita de racismo. O caso foi registrado nos autos nº 5041715-60.2023.8.08.0024, em trâmite na 4ª Vara Criminal de Vitória.
A vítima, Pammela Vicenti Ribeiro, relatou que, acompanhada de duas amigas, foi ignorada pelas funcionárias do estabelecimento, mesmo após uma longa espera. Enquanto isso, outros clientes, que chegaram posteriormente, eram prontamente atendidos. O relato foi registrado em boletim de ocorrência e convertido em inquérito policial.
Segundo o depoimento prestado à Polícia Civil, Pammela estava acompanhada de Camila Maria Ribeiro Matias — também afrodescendente — e Ludmilla Bragança de Castro. O trio foi inicialmente acomodado em uma mesa suja, onde aguardou atendimento por cerca de 5 a 10 minutos antes de trocar de lugar. Mesmo assim, continuaram sendo ignoradas, em contraste com outros consumidores, que foram atendidos rapidamente após chegarem.
O Ministério Público solicitou a oitiva das testemunhas e da representante legal da cafeteria, Flavia Regina Dallapicola Teixeira Mignoni, que prestou depoimento como testemunha. A tentativa de obtenção de imagens do circuito interno de segurança foi frustrada, pois o Shopping Vitória informou que o sistema já não armazenava gravações do período em questão.
Ao analisar o caso, o Ministério Público reconheceu como “incontroverso” o fato de que as clientes não foram atendidas, mas entendeu não haver elementos objetivos suficientes para oferecer denúncia criminal por racismo, uma vez que a motivação discriminatória foi apontada apenas na percepção das vítimas. Assim, o arquivamento do inquérito foi solicitado.
Apesar do desfecho judicial, o episódio reacende o debate sobre o racismo estrutural no atendimento ao público, especialmente em ambientes elitizados. Pammela afirma que o constrangimento e o sentimento de exclusão foram agravados pela ausência de qualquer justificativa ou retratação por parte da cafeteria.
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