
O Brasil enfrenta um problema fiscal que se arrasta há décadas. Várias soluções já foram propostas ao longo dos anos, mas muitas delas esbarram na baixa popularidade política, justamente por exigirem medidas de longo prazo. Infelizmente, essa perspectiva de longo prazo costuma ser ignorada pela classe política, que prioriza resultados imediatos — ou pelo menos, aparentes.
Se as coisas continuarem como estão, as contas públicas brasileiras correm um sério risco de colapsar até 2027. O país tem um déficit crônico: o governo gasta sistematicamente mais do que arrecada. Para agravar o cenário, a taxa de juros da dívida — a famosa Selic, hoje em 14,75% — torna o custo de manter essa máquina ainda mais pesado. Isso reduz a capacidade do governo de honrar seus compromissos com credores, o que amplia a percepção de risco e fragiliza a economia.
Diante disso, o governo volta a recorrer a soluções simplistas: aumentar impostos. Um exemplo recente é a alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que deveria ser um instrumento técnico de equilíbrio entre política monetária e fiscal. Contudo, o que se vê é uma elevação agressiva da carga tributária sobre cartões internacionais, remessas ao exterior, compra de moeda em espécie, operações de crédito, e até planos de previdência — que agora sofrem com uma tributação de 5%.
Enquanto isso, medidas verdadeiramente estruturantes seguem sendo evitadas. Cortes nos supersalários do funcionalismo público, uma reforma administrativa séria, a redução das emendas parlamentares, e o fim de privilégios tributários para setores seletos seriam caminhos muito mais eficazes. São decisões difíceis, mas indispensáveis.
O problema central é que o Brasil insiste em focar no curto prazo. Se uma parte — mesmo pequena — da sociedade abrir mão de seus privilégios, todos poderão sair beneficiados. Do contrário, o colapso fiscal será inevitável, e o custo será pago não apenas pela geração atual, mas principalmente pelas futuras, com mais dívida, mais impostos e mais inflação.
FONTE: ES 360