
Por Amanda Amaral
Muita gente passa anos sentido dor ao mastigar, estalos na mandíbula, sensação de boca travada e até dor de cabeça sem saber que o problema pode estar relacionado à Disfunção Temporomandibular (DTM), que afeta 1 a cada 3 pessoas no Brasil.
É bom ficar atento, pois não é indicado ignorar sintomas pois eles podem estar relacionados à este distúrbio, que afeta a articulação responsável pelos movimentos da mandíbula e impacta diretamente funções como fala, mastigação e até o sono.
Uma pesquisa do Conselho Federal de Odontologia (CFO) indica que cerca de 33% da população brasileira convive com algum grau de disfunção temporomandibular ou dor orofacial — o que representa mais de 70 milhões de pessoas.
A DTM pode estar associada ao bruxismo (ranger ou apertar os dentes, principalmente durante o sono), ao estresse e suas tensões musculares, a alterações anatômicas nas articulações ou ainda a traumas na região facial. Hábitos como roer unhas ou mascar chicletes com frequência também podem contribuir para o surgimento do distúrbio.
A Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial define a DTM como toda dor associada a tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas ou músculos) da cavidade oral e da face. Usualmente ela pode ser referida da região da cabeça e/ou pescoço ou mesmo estar associada à cervicalgias, cefaleias primárias, fibromialgia e doenças reumáticas como artrite reumatóide.
Diagnóstico precoce
“A DTM pode se manifestar de várias formas: dor na região da face, sensação de mandíbula desalinhada, limitação de movimento, zumbido no ouvido e estalos ao abrir ou fechar a boca. Muitas vezes, esses sintomas são subestimados ou tratados como problemas isolados, o que atrasa o diagnóstico”, explica a cirurgiã bucomaxilofacial Dra. Gabriela Mayrink.
A especialista explica que o diagnóstico precoce é essencial para evitar o agravamento do quadro e que a tecnologia avançou, por isso, hoje já é possível lançar mão de abordagens menos invasivas para o tratamento da DTM.
“Contamos com tecnologias que possibilitam intervenções mais precisas e confortáveis para o paciente. Em alguns casos, utilizamos infiltrações guiadas por ultrassom, que atuam diretamente na articulação, aliviando a dor e melhorando a função sem a necessidade de cirurgia. Cada caso é único, e o tratamento deve ser individualizado”, afirma Gabriela.
Como buscar ajuda?
A doença possui uma data especial para lembrar da importância do seu tratamento, dia 16 de maio. A Sociedade Brasileira de DTM e Dor Orofacial fez campanha em 2025 e alerta: no caso de suspeita de DTM, o paciente deve procurar um Cirurgião Dentista especialista em DTM Dor Orofacial, especialidade odontológica que cuida destas e de outras dores da face.
Outra questão é com relação à automedicação, que segundo a Sociedade é comum ocorrer com pacientes portadores de DTM na busca por alívio rápido para as dores. O alerta é para o uso excessivo de analgésicos, por exemplo, que podem mascarar sintomas importantes e comprometer o diagnóstico e tratamento adequado.
A cirurgia bucomaxilofacial também destaca que a DTM ainda é pouco conhecida entre a população, mas o importatne é buscar orientação profissional, identificar os sinais precocemente e falar com um especialista qualificado visando a controlar os sintomas e recuperar qualidade de vida.
Confira como identificar o distúrbio DTM:
- Sentir dor ou cansaço na mandíbula, especialmente ao mastigar ou ao acordar;
- Perceber estalos ou ruídos ao abrir e fechar a boca;
- Ter passado por episódios de travamento da boca, com dificuldade para abrir completamente;
- Sofrer com dores de cabeça frequentes, sem causa neurológica ou ocular definida;
- Ter a sensação de ouvido tampado ou escuta zumbidos persistentes;
- Apertar os dentes durante o dia ou range à noite (bruxismo);
- Sentir dores na face, pescoço ou têmporas sem motivo aparente.
FONTE: ES BRASIL