VÍDEO: Funcionária de farmácia é vítima de racismo no 1º dia de trabalho: 'Escurecendo a loja'

Rede Raia Drogasil teve de pagar R$ 56 mil de indenização à ex-funcionária

- O objetivo do vídeo era "apresentar Noemi para os outros funcionários" no grupo do WhatsApp. (Reprodução/Redes Sociais)

Após sete anos, a rede Raia Drogasil foi condenada pela Justiça do Trabalho por danos morais sofridos pela ex-funcionária Noemi Ferrari, que denuncinou a empresa logo após ter sofrido ofensas de cunho racista em um vídeo gravado por uma ex-colega de trabalho.

O registro foi gravado durante o primeiro dia de trabalho de Noemi, em uma farmácia da rede em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. O caso viralizou nesta semana nas redes sociais, após Noemi publicar o vídeo do ocorrido, que aconteceu no ano de 2018. Entretanto, foi somente em este ano que ela recebeu R$ 56 mil de indenização.

O objetivo do vídeo era “apresentar Noemi para os outros funcionários” no grupo do WhatsApp.”Essa daqui é a Noemi, nossa nova colaboradora. Fala um oi, querida. Tá escurecendo a nossa loja? Tá escurecendo. Acabou a cota, tá? Negrinho não entra mais”, diz a agressora, enquanto ri. 

Logo em seguida, em tom de ironia, a funcionária passa a listar as tarefas que deveriam ser feitas por ela no local de trabalho: “Nossa, vai ficar no caixa? Que incrível. Vai tirar lixo? Que incrível. Paninho também, passar no chão? Ah… E você disse sim, né?”.

Noemi afirmou que ficou sem reação na hora, mas posteriormente, chorou no banheiro. 

Após o episódio, Noemi relatou que continuou na empresa porque havia perdido o pai adotivo, precisava trabalhar e entendeu que podia fazer a diferença no ambiente, tanto que foi promovida a supervisora em 2020. Em 2022, entretanto, ela afirmou que um supervisor a agrediu verbalmente e quase fisicamente, foi quando ela foi mandada embora e decidiu ir atrás dos seus direitos de forma legal.

Decisão da Justiça

Em primeira instância, a juíza Rosa Fatorelli considerou que o vídeo e a confissão da autoria pela funcionária comprovaram as alegações de falas racistas. responsabilidade da empresa foi estabelecida pela conduta de omissão em zelar por um ambiente de trabalho respeitoso. Além do dano moral, a Justiça reconheceu que a funcionária fazia turnos mais extensos do que os registrados no ponto.

Após anos de batalha judicial, atualmente Noemi é gestora na área da saúde.

Em nota, a rede Raia Drogasil disse:

“Lamentamos profundamente o episódio que ocorreu em 2018. Reiteramos o compromisso da RD Saúde com o respeito, a diversidade e a inclusão. Nossa empresa não compactua com nenhum tipo de discriminação. Diversidade e respeito são valores primordiais. Temos investido de forma consistente em desenvolvimento de carreiras e iniciativas de promoção e de equidade racial. Em 2024, encerramos o ano com mais de 34 mil funcionários pretos e pardos e nos orgulhamos de ter atualmente 50% das posições de liderança ocupadas por pessoas negras, resultado direto de programas estruturados de inclusão e valorização. Nosso propósito é continuar investindo em ações concretas para garantir ambientes de trabalho diversos e inclusivos e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária”.

(*Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com.)

FONTE: O LITERAL