Vereadores trocam ‘provocações’ pelos corredores da Câmara

Embate entre parlamentares está estampado no chão, nas paredes e no olhar de quem circula pelos andares dos gabinetes

Foto: Karoline Barreto_CMBH/Divulgação -

A batalha ideológica, que tem marcado os primeiros meses da nova legislatura na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), ultrapassou o Plenário – espaço em que se discutem projetos, moções e vetos – e tomou os corredores do Legislativo municipal. Nos segundo e terceiro andares, onde ficam os gabinetes dos vereadores, foram afixados, nas últimas semanas, dezenas de cartazes com fotos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de frases provocativas direcionadas aos adversários políticos. 

Os materiais são majoritariamente da direita, dos vereadores Uner Augusto, Pablo Almeida e Sargento Jalyson, todos do PL. Há também um tapete em apoio a Bolsonaro na entrada do gabinete do vereador Vile (PL), “se veio aqui falar mal do Bolsonaro, desculpa, mas veio no lugar errado”; e Nikolas, de Pablo Almeida, ex-assessor do deputado e apoiado por ele nas eleições de 2024. Com a maior votação da história da capital mineira, 39.960 votos, superando o padrinho político, Pablo é dono de um dos maiores gabinetes da Câmara e da maioria dos cartazes, que foram pendurados na extensão dos escritórios. 

No lado da esquerda, Pedro Patrus (PT) e Cida Falabella (PSOL) limitam os cartazes à porta de seus gabinetes, enquanto Iza Lourença (PSOL) os mantêm ao lado da entrada. Juhlia Santos (PSOL) fixou “Bolsonaro na cadeia”, “sem anistia” e “Marielle presente” estrategicamente de frente para o gabinete de Vile. A vereadora colocou os cartazes na quinta-feira (13), dia em que a Casa viveu a maior disputa ideológica do ano até agora. 

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Já Pedro Rousseff (PT) colocou na sua porta uma toalha estampada com o rosto de Lula, um símbolo da campanha presidencial de 2022. Segundo o parlamentar, a “batalha de cartazes” começou após ele afixar a peça. “Depois que a gente colocou a toalha do Lula, eles começaram a responder colocando essas plaquinhas pela Câmara, para tentar marcar posição. Colocamos de forma provisória, mas gerou tanto impacto que eu estou deixando”, afirmou.  

Pablo nega que seus cartazes tenham relação com o adversário. “Eu não passo pela porta do gabinete dele, me indifere o que ele faz ou deixa de fazer. Não foi uma reação a nada que alguém fez”, afirmou.  

O vereador contou que faz uma rotatividade de cartazes, conforme o dia ou assunto mais relevante no momento. “Se tem um assunto mais em vigor, como por exemplo, se Lula aumentou uma taxa em cima de alguma coisa, pego um cartaz sobre o tema e deixo ele de maneira mais ostensiva”, relatou. Na quinta-feira (13), um dos cartazes exibidos trazia a frase “tá caro, não compre”, acompanhada de imagens de Lula e de produtos como arroz, óleo, café e picanha, um dos temas mais comentados contra o governo nas últimas semanas. 

FONTE: O TEMPO