Vendedora foi morta por ser mulher, diz polícia

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o assassinato da vendedora Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, atacada a facadas na Glória, em Vila Velha, na tarde do dia 10 de março.

A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o assassinato da vendedora Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, atacada a facadas na Glória, em Vila Velha, na tarde do dia 10 de março. A conclusão é que ela morreu por ser mulher, enquanto ela estava sozinha e vulnerável.

Carla estava trabalhando na própria loja quando Wenderson Rodrigues, de 30 anos, entrou no local, se passando por cliente, e logo depois a esfaqueou. Ela morreu na madrugada do dia seguinte no hospital.

A chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegada Raffaella Aguiar, responsável pelo caso, afirma que o assassino será indiciado por feminicídio e revelou o que Wenderson disse sobre o crime durante depoimento. “Em interrogatório ele disse que já saiu de casa, na posse da faca, e que ele iria cometer um mal a alguém. O alguém era uma mulher”.

Segundo as investigações, ele escolheu a vítima por ser uma mulher. O indiciamento dele, por feminicídio, de acordo com a delegada, foi baseado no histórico de violência contra mulheres que eram próximas a ele e na análise das imagens de videomonitoramento da região do crime.

“Dez minutos antes ele estava do outro lado da calçada, passeando com o cachorro, olhando, analisando todas as lojas. Quando de repente ele vê a loja em que a vítima trabalhava. Ele dá uma meia parada, retorna, analisa e segue. Logo depois ele retorna, com subterfúgio de que era um cliente. Ele verificou que ela era uma vítima vulnerável, que não havia ninguém na loja e aí a encurralou e a levou para os fundos da loja, onde a executou friamente”, detalha a delegada.

Ainda segundo Raffaella Aguiar, Wenderson confessou que matou a vendedora, mas na hora em que foi questionado sobre a motivação do crime, tentou usar a tese de defesa de insanidade e depois informou que só iria falar sobre o caso em juízo. “Ele se mostrou frio e calculista, tanto que ele alegou que precisava de um psiquiatra, de um defensor e não falou mais”, relata.

Frieza também após o crime

A delegada também relatou que após atacar brutalmente a vendedora, Wenderson chegou a comentar sobre o caso com dois homens que foram até o local, após escutarem os gritos da vítima.

“Ele saiu ensanguentado falando ‘ó machucaram a menina aí’ e logo em seguida, ele já pegou a faca e deu um golpe no próprio pescoço. Se ele fez para praticar suicídio não sabemos. Entretanto, pode ser um jogo para alegar insanidade”, diz.

Bilhetes com ameaças

As investigações apontaram também que os bilhetes espalhados na região da Glória, um dia antes do crime, contendo ameaças a pessoas do bairro, não possuem relação com o assassinato da vendedora.

Um homem de 56 anos se apresentou espontaneamente na delegacia, dizendo ser o responsável pelos bilhetes, alegando que fez apenas para expressar revolta e desespero diante de ameaças de vizinhos, mas que nada teve a ver com a morte de Carla.

Indiciamento

Wenderson Rodrigues será indiciado por feminicídio com duas majorantes, pois a vítima tinha uma filha de 2 anos, e por meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Ele segue preso no Sistema Prisional do Espírito Santo.

FONTE: Mariana Cicilioti – ESHOJE