
Quem já percorreu o interior do Espírito Santo e se viu contando vaquinhas pela estrada pode se surpreender: essa impressão de que há mais bois do que pessoas em muitas cidades é real — especialmente no Norte e Noroeste capixaba. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), a partir de informações do IBGE, 38 municípios do Espírito Santo possuem mais bois do que habitantes, com forte predominância nas regiões Norte e Noroeste.
O levantamento foi apresentado na quinta-feira (24), durante as comemorações do Dia Nacional do Boi, data que celebra a importância da bovinocultura para a economia brasileira. O Brasil, vale lembrar, é o país com o maior rebanho bovino do mundo, com mais de 220 milhões de cabeças. No Espírito Santo, o número gira em torno de 2,2 milhões de bovinos.
Norte e Noroeste do ES também se destaca na criação de gado/Crédito Redes Sociais
De acordo com a Seag, no Norte e Noroeste do Estado, a criação de gado é uma das principais fontes de renda das famílias rurais, sustentando economias locais e impulsionando o setor agropecuário.
“O Espírito Santo tem mostrado sua força na pecuária e, atualmente, desponta na qualidade da carne bovina produzida. Contamos com um rebanho expressivo em vários municípios espalhados pelas diversas regiões”, destacou o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli. “Nossas políticas públicas estão alinhadas às vocações do campo capixaba.”
Mucurici e Ecoporanga lideram o ranking
No extremo Norte capixaba, Mucurici é o campeão absoluto quando se trata da relação boi-habitante: são impressionantes 16 bois para cada morador. O município contabiliza 84.918 bovinos para uma população de apenas 5.566 pessoas.
Em números absolutos, o destaque é para Ecoporanga, com 226.147 bois, frente a uma população de 21.992 habitantes — uma média de cerca de 10 bois por pessoa.
Veja a situação nas principais cidades do Norte e Noroeste
Município | Bois | Habitantes |
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Mucurici | 84.918 | 5.566 |
Ecoporanga | 226.147 | 21.992 |
Ponto Belo | 47.110 | 6.497 |
Montanha | 95.963 | 18.900 |
Água Doce do Norte | 27.829 | 12.042 |
Vila Pavão | 18.626 | 8.911 |
Águia Branca | 21.151 | 10.540 |
Barra de São Francisco | 72.721 | 42.498 |
Baixo Guandu | 51.743 | 30.674 |
Nova Venécia | 80.728 | 49.065 |
Pancas | 28.725 | 18.893 |
Boa Esperança | 18.386 | 13.608 |
Itaguaçu | 18.310 | 13.589 |
Alto Rio Novo | 9.943 | 7.432 |
São Domingos do Norte | 10.392 | 8.589 |
João Neiva | 16.217 | 14.079 |
Pedro Canário | 23.812 | 21.522 |
São Roque do Canaã | 11.163 | 10.886 |
A predominância de bois em relação à população humana destaca a vocação agrícola dessas regiões, especialmente no cultivo de pastagens e na produção de carne e leite de alta qualidade.
Com políticas públicas voltadas para a melhoria da genética bovina, capacitação de produtores e incentivo a cooperativas, o governo estadual aposta na pecuária como motor de desenvolvimento econômico sustentável para o Norte e Noroeste do Espírito Santo.
Para quem passa pelas estradas da região, o cenário é característico: vastas áreas verdes, fazendas de gado e, claro, uma quantidade de bois que ultrapassa — e muito — o número de moradores.
FONTE: ES FALA