Unhas de gel: Sociedade Brasileira de Dermatologia reforça alerta de câncer e infertilidade

Testes com as subtâncias tóxicas não foram feitos em seres humanos, mas já são suficientes para gerar preocupação; profissionais podem ser os mais prejudicados

- Testes apontam que unhas de gel podem causar infertilidade e câncer Foto: Douglas Magno

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) reforçou o alerta sobre os riscos de câncer e outros problemas de saúde relacionados à aplicação de unhas em gel. O comunicado foi emitido nesta terça-feira (4/11) após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibir duas substâncias químicas utilizadas nesses produtos: o TPO e o DMPT (N,N-dimetil-p-toluidina), também conhecido como dimetiltolilamina.

A decisão da Anvisa segue uma determinação similar já adotada pela União Europeia. A proibição fundamenta-se em estudos com animais que identificaram possíveis alterações na fertilidade relacionadas ao TPO e potencial desenvolvimento de câncer associado ao DMPT.

A dermatologista, Dra. Rosana Lazzarini, membro da SBD, explica que, embora as pesquisas tenham sido realizadas em cobaias e não existam evidências de que essas substâncias causem alterações diretamente na pele humana, os resultados justificam medidas preventivas.

Segundo a especialista, profissionais que aplicam esses produtos regularmente formam o grupo mais vulnerável. “Essas profissionais manipulam as substâncias várias vezes ao dia, durante anos. Isso aumenta o risco de desenvolver doença ocupacional relacionadas à exposição química”, afirma a dermatologista, Dra. Rosana.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia destaca que, mesmo com a retirada das substâncias proibidas do mercado, o uso frequente de esmaltes e unhas em gel pode provocar danos físicos às unhas e desencadear reações alérgicas. As resinas acrílicas utilizadas nesses procedimentos, que precisam ser endurecidas com radiação ultravioleta (UV), são as principais responsáveis por alergias potencialmente graves, afetando tanto usuárias quanto profissionais aplicadoras.

Entre os problemas associados à esmaltação em gel estão fragilidade, deformidades e manchas nas unhas. Também podem ocorrer infecções bacterianas ou fúngicas resultantes de aplicação ou remoção inadequada, além de reações alérgicas nos dedos e mãos.

A entidade alerta que reconhecer reações adversas pode ser difícil para pessoas sem conhecimento especializado. “A identificação de reações não é simples para o público em geral. Qualquer vermelhidão, descamação ou alteração na textura da unha deve servir de alerta para procurar um dermatologista”, orienta a médica.

A SBD enfatiza a importância de medidas preventivas, como verificar se os produtos utilizados estão regularizados pela Anvisa, evitar unhas de gel ou similares e fazer pausas entre esmaltações. Também recomenda buscar profissionais qualificados e locais adequados para os procedimentos. Para os profissionais, a orientação é utilizar equipamentos de proteção individual (EPIs) e limitar a exposição direta às substâncias químicas.

Não há informações sobre quando as substâncias proibidas serão completamente retiradas do mercado ou se existem produtos alternativos já disponíveis que não contenham TPO e DMPT.

A partir da proibição, fabricantes deverão reformular seus produtos para atender às novas exigências da Anvisa, substituindo as substâncias proibidas por alternativas mais seguras.

FONTE: O TEMPO