
O dia primeiro de abril, dia da mentira aqui, nos Estados Unidos da América é o “April’s Fool Day”, dia dos tolos. Certamente, o dia seguinte, 2 de Abril, dia que o tarifaço entrou em vigor, será o “April’s Trump Fool Day”, porque Trump taxou todo o mundo para enriquecer os EUA. E embora os americanos pensem que mexicanos, canadenses, europeus, chineses e brasileiros pagarão essa taxa, serão os próprios consumidores que pagarão, afinal, a tarifa é imposto de importação e só paga quem consumir os produtos importados.
Ou seja, não entrará mais dinheiro ou riqueza nos EUA, mas será uma enorme transferência dos poucos recursos dos 90% mais pobres para um governo “esperto”. E há dúvidas de que isso estimule a produção local.
Muitos jornalistas norte-americanos não se cansam de apontar as falhas de Trump, mas idiota ele não é, tanto que adiou diversas vezes e isentou de grandes aumentos muitos produtos. A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada em agosto já está pressionando os preços de diversos itens no mercado americano, como o café, já que o Brasil fornece cerca de um terço. As frutas tropicais, como manga e goiaba, já tiveram as exportações canceladas, o que deve reduzir a oferta e elevar os preços.
Outro produto importante é a carne bovina, os Estados Unidos dependem do Brasil para complementar a oferta e os fornecedores no mundo são poucos. Curiosamente, a carne já subiu mais que os 50%, especulação do mercado interno? Para o açúcar orgânico, a situação é idêntica, nosso país é responsável por quase metade das importações americanas. Os restaurantes, cafeterias e supermercados já estão reajustando preços.
Saem daqui ainda outros produtos importantes como aço e nióbio, utilizados na fabricação de veículos e equipamentos industriais, peças automotivas, compressores, guindastes e tratores, produtos derivados de aço e alumínio que ficaram sujeitos à nova tributação. Enquanto eu escrevia estas linhas, Trump reduziu essas alíquotas para 25%, a mesma para os demais países.
Há outros movimentos em resposta à taxação, países como a China usaram reciprocidade e tarifaram os EUA causando aumento de muitos produtos. A soja já está causando problemas, a Associação Americana de Soja enviou uma carta a Donald Trump dizendo que a China trocou o grão norte-americano pelo brasileiro. As compras de soja brasileira pela China subiram 14% em julho, em comparação ao mesmo mês do ano passado, chegando a 10,39 milhões de toneladas.
O Canadá parou de importar suco de laranja dos americanos, o que abre oportunidade para o Brasil. E muitos produtos conseguirão outros mercados. Se isso não acontecesse, o Brasil poderia perder até 726 mil empregos, em um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese) e perder ainda 0,26% do Produto Interno Bruto (PIB).
A situação pode ficar pior para os EUA que terão sua economia desacelerada significativamente e ainda um aumento da inflação, com um risco pequeno de recessão. Não deixa de ser curioso ver cidadãos de lá e cá aplaudirem essas “trumpalhadas”.