
O governador Renato Casagrande tem anunciado uma suposta ofensiva contra as fake news, defendendo a necessidade de combater a desinformação no Espírito Santo. No entanto, um olhar mais atento sobre as ações de seu grupo político levanta um questionamento fundamental: estaria o próprio governo utilizando uma estrutura organizada de comunicação digital para atacar opositores, manipulando a opinião pública e promovendo narrativas favoráveis ao seu projeto de poder?
O episódio das eleições na Serra revelou uma operação bem articulada nas redes sociais, onde o chamado Time Casagrande foi mobilizado de maneira coordenada para reagir a adversários, propagar versões convenientes e defender o aliado deles na Serra de maneira sistemática. O modus operandi desse grupo se assemelha ao de milícias digitais? caracterizadas pelo uso de perfis coordenados, ataques direcionados e disseminação de conteúdos estratégicos para influenciar debates e moldar percepções?
No entanto, um aspecto ainda mais grave precisa ser exposto: o direcionamento da adesão ao Time Casagrande para cargos comissionados dentro da estrutura do governo. Isso significa que o movimento, que deveria ser espontâneo, é abastecido por incentivos políticos e pelo uso indireto da máquina pública.
O fenômeno do time casagrande: mobilização ou uso da estrutura do Governo?
A estrutura de comunicação do PSB no Espírito Santo sempre foi robusta, mas nas eleições da Serra ficou evidente que as ações do Time Casagrande não eram espontâneas, e sim parte de uma engrenagem digital bem planejada, com participação ativa de agentes ligados ao governo.
Os sinais dessa estratégia incluem:
Convocações organizadas: Integrantes e simpatizantes do governo foram chamados de maneira coordenada para agir em determinados momentos e sobre temas específicos.
Temas pré-estabelecidos: O discurso propagado pelo grupo seguia um roteiro claro, com ações sincronizadas e mensagens alinhadas de apoiamento como foi o segundo turno na Serra.
Atuação simultânea e direcionada: As postagens e interações seguiam padrões típicos de mobilizações digitais planejadas, com hashtags e palavras de ordem repetidas em massa.
Desqualificação de opositores: Além da defesa do governo, havia um esforço explícito para ridicularizar, atacar e desmoralizar adversários políticos.
Relação com cargos comissionados: Pessoas engajadas no movimento são frequentemente indicadas ou têm acesso facilitado a posições dentro do governo, o que indica um aparelhamento da máquina pública para fins políticos e eleitorais.
A questão central que se impõe é: essa estrutura digital funciona como uma milícia digital oficializada, financiada direta ou indiretamente por recursos públicos, para impedir que críticas legítimas ganhem força?
O paradoxo: Casagrande anuncia combate às fake News enquanto seu grupo recorre a estratégias digitais organizadas e atreladas a cargos públicos?
O discurso do governador contra fake news poderia parecer legítimo, não fosse o fato de que seu próprio governo utiliza uma máquina digital de comunicação para moldar e direcionar informações ao público, ao mesmo tempo em que estimula a participação no Time Casagrande como um critério velado para nomeações em cargos comissionados.
Se há um esforço para deslegitimar e silenciar opositores sob o pretexto de combater fake news, ao mesmo tempo em que um grupo estruturado de apoiadores age sistematicamente nas redes sociais para influenciar debates e ataca adversários, é inevitável questionar: quem realmente está manipulando a informação?
Mais do que isso, a adesão ao Time Casagrande como um fator para ocupação de cargos públicos não configura o uso indevido da máquina estatal para interesses partidários e favorecer aliados como vimos nas eleições na Serra?
A Democracia Ameaçada Pelo Controle Digital e Pelo Uso Político da Estrutura Pública
O uso de milícias digitais por governos não é novidade, e no Espírito Santo, o modelo operado pelo Time Casagrande representa um risco grave não apenas à pluralidade do debate público, mas também à ética na administração pública.
Se um grupo organizado, com diretrizes claras, atuação coordenada e benefícios indiretos dentro do governo, é utilizado para atacar críticos e blindar o governador, apoiar aliados , como foi na eleição da Serra, isso não se configura apenas como marketing político, mas sim como uma estratégia de aparelhamento do Estado.
A sociedade capixaba precisa estar atenta e questionar:
- Quem financia essa estrutura digital? Há uso de recursos públicos para manter esse aparato?
- Cargos comissionados estão sendo distribuídos como arma de atuação pela adesão ao Time Casagrande nas redes sociais?
- Quais são os limites entre comunicação governamental legítima e manipulação digital organizada?
- Até que ponto o discurso contra fake news pode ser um artifício para justificar o ataque a opositores?
Se a comunicação digital do governo está sendo utilizada para impor narrativas, silenciar críticas e manipular debates, e se há indícios de que cargos públicos estão sendo direcionados à participação nesse esquema, o Espírito Santo pode estar diante de uma nova forma de censura e corrupção institucionalizada, onde o governo não apenas governa, mas controla a informação e distribui cargos comissionados como ferramenta de manipulação e força política nas mesmas redes que eles querem monitorar, a pergunta que fica- quem vai checar os checadores?
O combate às fake news deve ser uma meta de todos, mas ele não pode ser usado como desculpa para calar adversários enquanto uma estrutura organizada de comunicação,estimulada para que cargos comissionados do governo Casagrande atue como um exército digital a serviço de uma gestão que é temporária e não é dona da máquina estatal.