
Há exatos 1.700 anos, acontecia em Niceia, em 325 d.C., o primeiro Concílio Ecumênico que foi convocado pelo Imperador Constantino para apaziguar a Igreja de Jesus que já se denominava Católica desde o ano 103 d.C. (conforme Inácio aos Esmirnenses 8,2) mas não professava uma fé única. Essa foi a grande contribuição cristã de Constantino.
Segundo o livro “A Vida de Constantino” de Eusébio: “A ordem, por certo, não era tão fácil de cumprir, mas contribuiu para a sua execução a vontade decidida do imperador, que ofereceu a alguns a possibilidade do serviço público de correios (cursus publicus) e a outros a total disponibilidade de animais de carga. Foi escolhida também uma cidade apropriada para o concílio, com um nome que significava vitória: Niceia (Nikaias, de nike, vitória) da província Bitinia”.
A Igreja estava dividida por várias heresias, a maior era o Arianismo, que contava com a simpatia do Imperador, uma prova que ele não interferiu no Concílio, pois a tese de Ário tornou-se heresia. Ele acreditava que Jesus não era da mesma substância e estava subordinado a Deus-Pai. Essa tese era popular, mas triunfou o entendimento de Atanásio de Alexandria: homoousios, isto é, Consubstancial.
Havia outros entendimentos anteriores, não chamarei de heresia porque estavam construindo (ou, como cremos, revelados) como a Proto-Ortodoxia. Havia outras heresias, como o Adocionismo, que pregava que Jesus não era divino, foi adotado por Deus; o Docetismo, dizia que Jesus era espírito e sua matéria era ilusão, condenado deste 1Jo e 2Jo; o Marcionismo, Deus de Jesus era um e do Antigo Testamento outro; o Montanismo, um tipo de pentecostalismo; o Modalismo, não havia três Pessoas, eram manifestações do mesmo Deus… Eram muitas seitas, a Igreja não era católica (universal, para todos).
Dessa forma, o Concílio veio para acabar com as divisões (diabolos em grego), para unir, agregar, por isso chamada de Symbolum (união em grego) que foi traduzido para o Português como Credo. Como nem tudo foi resolvido, em 381, aconteceu o Concílio de Constantinopla, resultando no que conhecemos como Credo Niceno-Constantinopolitano, rezado pelos católicos, protestantes e alguns evangélicos. Fica o alerta: quem não reza esse credo, não é considerado Cristão!
O Concílio também emitiu 20 cânones para a organização da Igreja. O Cânon 1 proíbe a autocastração e um homem castrado não poderia se tornar clérigo.
Os Cânones 4 e 5 estabelecem regras para a ordenação de bispos, exigindo a participação de todos os bispos da província, ou pelo menos três, com a confirmação do Metropolita (o bispo da capital da província).
Os Cânones 8 e 9 a 13 regulamenta a readmissão dos Novacianos e estabelecem penas e condições para a readmissão dos lapsi, aqueles que apostataram durante as perseguições (o medo os impediu de serem mártires) e dos seguidores de Melécio de Licópolis (outro cismático).
E ainda estabeleceu que a Páscoa cristã deveria ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia seguinte ao Equinócio de Primavera (21 de março no calendário juliano) e não mais no 14 de Nisan com os judeus.