
O funkeiro Leandro Rogério Pereira Gama, conhecido como Leandro Abusado, morreu aos 40 anos de idade vítima da síndrome de Fournier, uma doença ainda pouco conhecida. A infecção é considerada absolutamente grave, segundo Marcos Caseiro, infectologista consultado pelo Terra.
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A síndrome é descrita como polimicrobiana, ou seja, trata-se de diferentes tipos de bactérias que se proliferam, sendo Clostridium, Klebsiella, Staphylococcus e Streptococcus os mais comuns.
O médico alerta que esse tipo de infecção tem se mostrado cada vez mais frequente no Brasil, em especial, na população masculina. Entenda a seguir as principais causas da doença, seus sintomas e tratamentos.
Sinais da doença exigem atenção
As infecções da síndrome de Fournier podem acontecer de diversas maneiras, basta que as bactérias causadoras da doença se agrupem entre o ânus e os órgãos genitais. Falta de higiene, abscessos, feridas, úlceras e lesões acabam favorecendo a doença.
Marcos Caseiro pede atenção para ocorrências que podem parecer inofensivas: “Todo paciente com infecção, principalmente de pele nessa região genital, perianal, deve ter uma preocupação maior. É sempre motivo para procurar um médico”.
Por isso, é importante estar atento aos sinais da doença. Sintomas como dor intensa, vermelhidão, inchaço, mau cheiro e secreção na região genital são os mais comuns. O corpo também pode apresentar febre e calafrios, uma resposta do corpo por conta da infecção generalizada.
O acompanhamento e diagnóstico precoce da síndrome com um médico infectologista são essenciais para evitar pioras no quadro. O diagnóstico envolve exames laboratoriais, de imagem e uma hemocultura, onde se investiga quais bactérias estão causando a infecção.
Quem corre mais risco?
Pacientes com infecção de pele na região genital ou perineal devem redobrar a atenção, alerta o médico, já que são infecções que muitas vezes se associam com a invasão dessas bactérias na pele e no tecido celular subcutâneo.
“Temos visto cada vez mais frequente [a síndrome], principalmente em pacientes obesos, pacientes com traumas peniano, pacientes que têm usado piercings penianos, uso de objetos em via retal, corpo estranho via retal, pacientes com espinha ou lesões nessa região genital, [esses] são fatores de risco para essa doença”, explicou Caseiro.
O infectologista também faz um alerta às pessoas com diabetes que usam inibidores SGLT, remédio que reduz os níveis de açúcar no sangue ao induzir a reabsorção pelo rim e liberação pela urina: “Foi incluído na bula desse medicamento que ele se associa a um maior risco de Síndrome de Fournier”.
Como é o tratamento?
O infectologista explica que a doença é tratada com antibiótico e desbridamento, procedimento utilizado para remover o tecido morto e infeccionado.
“Tem que ir para o centro cirúrgico e abrir essa região, porque geralmente são bactérias anaeróbias [que estão presentes no nosso organismo (como o cólon) mas, quando deslocadas, podem causar infecções]”, afirma Caseiro, que acrescenta: “O que exige que você tente revitalizar o tecido”.
E é isso que torna a infecção tão preocupante, explica o infectologista, já que essas bactérias fazem um processo necrótico. “Muitas vezes, essas bactérias penetram profundamente, caem na corrente circulatória, levando à septicemia”, alertou o médico, que destacou que a melhor resposta à síndrome é o tratamento precoce e adequado.
FONTE: TERRA