Secretária de Saúde de Cachoeiro fala sobre desafios, críticas da Câmara e avanços

A equipe do Folha do ES entrevistou, na tarde desta sexta-feira (9), a secretária municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim, Renata Fiório

Renata Fiório, Secretária Municipal de Saúde. -

A equipe do Folha do ES entrevistou, na tarde desta sexta-feira (9), a secretária municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim, Renata Fiório, em um encontro exclusivo que abordou críticas recentes, os desafios enfrentados pela pasta e as principais conquistas da gestão.

Renata é formada em Direito e já foi eleita vereadora do município por duas vezes: a primeira em 2016, cumprindo mandato até 2020, e novamente para a legislatura de 2025 a 2028. No entanto, a convite do prefeito Theodorico Ferraço, licenciou-se do cargo para assumir a Secretaria de Saúde. Em 2020, foi candidata à prefeitura de Cachoeiro, mas não se elegeu. Após esse período, afastou-se da vida pública entre 2021 e 2024.

Logo no início da entrevista, Fiório comentou as críticas feitas por vereadores na sessão da última terça-feira (6). Segundo ela, lida bem com a exposição e reforça que até o momento nenhuma solicitação formal foi encaminhada à secretaria.

“Acredito que todos têm o direito de reclamar. Quando estamos na vida pública, estamos sujeitos a críticas. Fui escolhida para atender às demandas da população, não de um ou outro vereador. Gosto de trabalhar com documentos. Até agora, não recebi nenhuma solicitação formal da Câmara, seja por ofício ou via ouvidoria.”

Sobre o funcionamento da ouvidoria, Renata explicou que há um fluxo estabelecido para o encaminhamento das demandas dos cidadãos:

“A demanda é recebida, encaminhada ao setor responsável e, depois, é dada uma resposta. O problema é que, muitas vezes, as pessoas não se identificam, e assim não conseguimos retornar com a resolução adotada. Nesse caso, cabe ao próprio cidadão consultar a resposta no portal da ouvidoria, utilizando o número de protocolo gerado.”

Questionada sobre a falta de insumos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a secretária reconheceu o problema e atribuiu os entraves a questões estruturais e jurídicas, como:

  • Burocracia dos processos licitatórios;
  • Impossibilidade de negociar com a principal fornecedora da rede municipal, atualmente sob investigação da Polícia Federal;
  • Grande compra de insumos realizada na gestão anterior, com itens entregues fora do prazo de validade, o que comprometeu o orçamento ao não prever recursos para substituições.

Ela também destacou dificuldades logísticas, como a escassez de veículos e motoristas para transportar pacientes que realizam procedimentos em outros municípios. Além disso, mencionou a dificuldade de contato com os pacientes, que muitas vezes não atendem as ligações para confirmação das datas agendadas.

Quanto ao encaminhamento de pacientes para outros municípios, Fiório explicou que o problema não está na falta de especialistas em Cachoeiro, mas no excesso de demanda:

“Cachoeiro é referência em saúde para os municípios do sul do Estado. Atendemos pacientes de várias cidades, o que sobrecarrega nossas filas. Às vezes, é mais rápido o paciente conseguir atendimento especializado em outro município.”

Entre os avanços da sua gestão, Renata destacou a eliminação da fila de espera para atendimento de gestantes de alto risco:

“Se você for hoje à Casa Rosa, verá que zeramos a fila de gestantes aguardando consultas e exames. Também estamos em uma campanha de vacinação importante. Apesar dos índices ainda baixos, o Espírito Santo lidera no país. Além disso, implantamos a telemedicina em parceria com o governo do Estado, e o CEMURF já realizou dois mutirões. Estamos com atendimento até as 20h em quatro unidades de saúde.”

Ela também ressaltou o reforço no quadro de médicos, com a chegada de profissionais do programa Mais Médicos, do ICEPi (Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde) e de residentes:

“Esses profissionais estão em formação, empenhados em oferecer um atendimento mais humanizado e personalizado. Cada paciente é tratado como um estudo de caso, o que enriquece a prática médica e melhora a qualidade do serviço prestado.”

O aumento de mais de 8,5 mil atendimentos nos últimos meses, segundo Renata, é resultado da reorganização do sistema e da resposta a uma demanda reprimida:

“Esse número reflete tanto o esforço da gestão quanto a alta procura por serviços que estavam represados.”

Para os próximos meses, uma das prioridades é a ampliação da equipe de profissionais da saúde. A secretária anunciou que a prefeitura lançará em breve um edital para contratação de servidores de níveis médio e superior. Estão previstos cargos como agente comunitário de saúde e motorista.

Por fim, a secretária deixou uma mensagem à população:

“Procurem conhecer o funcionamento do SUS, seus direitos e os serviços disponíveis. Se informem e se empoderem. Não acreditem em fake news, especialmente sobre vacinas. Doenças erradicadas estão voltando por falta de vacinação. Não estou falando de Covid, estou falando de sarampo, poliomielite […]. É necessário que a população se conscientize da importância do SUS e também o defenda, e quando necessário, nos cobre, pois estamos aqui para isso: para atender à população”