Saiba por que os ricaços estão comprando ossos de dinossauros

Esqueletos quase completos são vendidos por dezenas de milhões de dólares. Em 2024, um estegossauro foi vendido por US$ 44,6 milhões

Um estudo publicado na Palaeontologia Electronica revela que mais fósseis de Tyrannosaurus rex com valor científico estão em mãos privadas do que em instituições públicas. A pesquisa, conduzida pelo paleontólogo Thomas Carr, do Carthage College (EUA), aponta que o mercado de luxo está prejudicando a pesquisa sobre o dinossauro mais famoso do Cretáceo.

Carr identificou 132 fósseis “cientificamente informativos” — como crânios e esqueletos: 61 estão em coleções públicas, enquanto 71 pertencem a colecionadores ou empresas privadas.

Entre os espécimes privados, 14 são juvenis. Segundo o pesquisador, a ausência de fósseis jovens nos acervos científicos limita o entendimento sobre o crescimento do T. rex.

Leilões milionários têm impulsionado esse cenário. Esqueletos quase completos são vendidos por dezenas de milhões de dólares. Carr destaca que apenas 11% dos fósseis coletados por empresas acabam em instituições públicas, enquanto o restante permanece inacessível. Além disso, essas empresas descobrem atualmente o dobro de fósseis em comparação com os museus.

O estudo alerta que a comercialização de fósseis não se limita ao T. rex. Em 2024, um estegossauro foi vendido por US$ 44,6 milhões e hoje está emprestado ao Museu Americano de História Natural, em Nova York.

Carr defende que outros pesquisadores também passem a registrar quantos fósseis de suas áreas de estudo estão sendo desviados para o mercado privado.

A comunidade científica se divide sobre o impacto disso. O paleontólogo Thomas Holtz Jr., da Universidade de Maryland, considera preocupante a perda de acesso a fósseis essenciais.

Já David Hone, da Queen Mary University de Londres, afirma que há casos mais críticos, como o comércio ilegal de fósseis brasileiros e mongóis, que envolvem contrabando e perda irreversível de patrimônio.