
Por Thamiris Guidoni
O Roblox é uma das plataformas de jogos online mais utilizadas no mundo, especialmente por crianças e adolescentes. Diferente de um jogo único, ele funciona como um ecossistema no qual os usuários podem criar seus próprios games ou explorar produções feitas por outros jogadores.
A proposta estimula a criatividade e até noções de programação, mas também desperta alertas importantes sobre riscos emocionais, sociais e de segurança.
Para a psicanalista Lays Gontijo, o brincar é essencial no desenvolvimento infantil e os jogos podem trazer ganhos importantes. No entanto, o excesso deve ser observado de perto.

“O jogar é fundamental para a criança, inclusive dentro da psicanálise. Mas quando o tempo gasto em ambientes virtuais começa a substituir experiências sociais reais, a criança pode perder habilidades de convivência e confundir realidade com ficção”, explica.
Segundo ela, é comum que crianças se sintam mais seguras em um avatar criado no Roblox do que na vida real, o que pode impactar sua autoconfiança fora do ambiente digital.
“Muitas vezes, no jogo, a criança é corajosa, aventureira, fala com facilidade. Mas, na vida real, pode ser tímida e até ter dificuldades de olhar nos olhos do outro. O uso excessivo pode reforçar esse afastamento do convívio social”, aponta Lays.
Riscos de vício e exposição a conteúdos nocivos
Além dos impactos emocionais, há o risco do vício e da exposição a conteúdos inadequados.
“O cérebro da criança ainda está em formação e, por isso, ela tem maior predisposição a desenvolver comportamentos compulsivos em jogos. Também existe a possibilidade de contato com pessoas mal-intencionadas e linguagens impróprias”, alerta a psicanalista.

O Major Eliandro, da Companhia Independente de Polícia Escolar (Cipe), reforça os cuidados em relação à segurança digital.
“O maior risco envolvendo o Roblox é o streaming, ou seja, permitir que os filhos joguem online. É nesse espaço que acontecem cooptações e aliciamentos. Por isso, nossa recomendação é simples: não permitir que a criança jogue conectada à rede”, orienta.
Ele lembra ainda que a privacidade, neste caso, não deve ser vista como obstáculo para a proteção.
“Quando falamos de crianças expostas à internet, não se trata de invadir privacidade, mas sim de cuidado e zelo. Muitos têm sido cooptados para diversas formas de violência, e isso pode acontecer dentro das nossas casas”, adverte.
Entre os conteúdos mais perigosos que circulam em plataformas abertas estão pornografia, cultos ao extremismo, material de violência explícita (GORE) e, principalmente, tentativas de cooptação por criminosos.
Diante disso, tanto a psicanalista quanto o major reforçam que a presença ativa da família é fundamental.
“Não basta colocar controle parental e esquecer. É preciso jogar junto, conhecer a plataforma e entender por que a criança prefere aquele ambiente virtual. Muitas vezes o excesso de tempo no jogo é um sinal de que ela está buscando ali um conforto que não encontra em outros espaços”, observa Lays.
O Major Eliandro complementa com um alerta direto: “Protejam seus filhos da internet sem supervisão adulta. O perigo é real e exige atenção constante.”
O Roblox pode ser uma ferramenta de aprendizado e diversão, desde que acompanhado de perto pelos responsáveis. O equilíbrio entre liberdade, fiscalização e diálogo é fundamental para garantir que a experiência seja positiva e segura, conforme apontam os especialistas.
FONTE: ES BRASIL