
Imagine acordar em um país onde fiscalizar o poder virou crime. Onde a tribuna — espaço sagrado da democracia — é vigiada, limitada e, pior, criminalizada. Onde a palavra escrita, a manchete dura e o discurso afiado são suficientes para abrir as portas de um processo penal.
Parece ficção distópica? Parece coisa de regimes totalitários?
Pois não é. Está acontecendo. Aqui. Agora. Diante dos seus olhos.
Estamos diante de um dos mais graves atentados contemporâneos contra a Constituição Brasileira, contra a democracia e, sobretudo, contra o próprio povo.
Quando um vereador, eleito pela vontade soberana dos cidadãos, não pode mais subir à tribuna — aquele púlpito que representa a voz da sociedade — e denunciar, questionar, apontar os desvios, sem correr o risco de ser algemado, condenado e silenciado…
Quando um jornalista não pode mais publicar matéria, investigar ou ecoar denúncias, sob pena de ser acusado de coação, organização criminosa, milícia digital ou seja lá o nome que inventarem para disfarçar censura…
O problema deixou de ser sobre eles. O problema agora é sobre todos nós. É sobre você.
O Alvo Nunca Foi o Parlamentar. Nunca Foi o Jornalista. O Alvo É o Povo.
Se você acha que é só sobre o vereador Armandinho, ou sobre o jornalista Jackson Rangel, você não entendeu nada.
Eles são só o exemplo. O recado. A cabeça exposta na praça para que todos os outros se calem.
O alvo real é a sua capacidade de saber o que acontece. O alvo é a sua liberdade de ouvir, refletir e cobrar.
Porque se o parlamentar não pode mais denunciar o que vê, se o jornalista não pode mais investigar e divulgar o que descobre… então quem vai fazer o trabalho de controle social?
Quem vai proteger você da corrupção, do abuso, do conluio, do crime de colarinho branco que grassa nos bastidores dos palácios e das togas?
O Poder da Tribuna Não Vem do Estado. Vem do Povo.
A imunidade parlamentar não é privilégio.
Ela não existe para proteger o político.
Ela existe para proteger a função, a missão, o dever que ele assume quando você, cidadão, deposita seu voto.
A tribuna é, na prática, a extensão da sua voz, do seu grito, da sua indignação.
Quando um vereador sobe na tribuna, ele não fala só por ele. Ele fala por cada homem, cada mulher, cada trabalhador, cada empresário, cada cidadão que o elegeu.
E se o Estado, por meio de seus agentes — promotores, juízes ou qualquer outro — se sente ofendido pela crítica, pela denúncia, pela cobrança, o caminho não é algemar o discurso. O caminho é prestar contas, esclarecer e, se for o caso, processar civilmente, no campo da honra.
Mas transformar a palavra em crime, é rasgar a Constituição. É oficializar a censura. É matar a democracia.
Quando o Estado se Ofende, Quem Está Errado É o Estado.
Sabe por quê?
Porque, numa democracia, o Estado não tem honra. Quem tem honra são os indivíduos. E os agentes públicos, quando exercem funções públicas, devem se submeter, sim, ao mais amplo escrutínio, à crítica mais severa, à vigilância implacável da sociedade.
Se o Ministério Público arquiva uma denúncia suspeita, ele deve, sim, ser cobrado.
Se o Judiciário toma decisões que geram estranheza, ele deve, sim, ser questionado.
Se parecer que existe favorecimento, aparelhamento, direcionamento ou conluio, o papel do vereador, do deputado, do jornalista e do cidadão é gritar. É apontar. É denunciar.
O que é absolutamente INACEITÁVEL — e a história não vai perdoar — é criminalizar a fiscalização, transformar crítica em coação, tratar discurso como crime.
O Jogo Sujo da Censura Moderna: Parecer Legal, Mas É Ilegal
Eles não precisam mais de tanques nas ruas.
Não precisam mais fechar jornais, censurar rádios ou prender repórteres na calada da noite.
Basta processar. Basta acusar. Basta condenar.
Com a caneta de um juiz, com a denúncia de um promotor, com o silêncio cúmplice das instituições, eles fazem hoje o que os regimes mais sombrios fizeram no século passado.
Só que, agora, usam a linguagem da legalidade. Mas o nome disso não é Justiça. O nome disso é opressão institucionalizada.
Se Censuram Eles, Amanhã Censuram Você.
Você precisa entender isso agora, enquanto ainda há tempo.
Hoje é o vereador que acusa corrupção e é condenado.
Hoje é o jornalista que publica uma denúncia e vira réu.
Amanhã é o influencer que questiona o governo e tem a conta derrubada.
Depois de amanhã é o empresário que reclama de um imposto e é processado.
Depois, é você — por reclamar da fila do hospital, da escola sem professor, da insegurança na sua rua.
Quem cala diante disso, está assinando sua própria sentença de silêncio.
O Que Está em Jogo Não É a Carreira de Um Político ou de Um Jornalista. É o Seu Direito de Saber. De Falar. De Ser Livre.
Se não podemos mais questionar quem manda, quem julga e quem acusa… para que serve a democracia?
Se a imprensa não pode mais noticiar, se o vereador não pode mais cobrar, se o deputado não pode mais denunciar… quem defende o povo? Quem fiscaliza o poder? Quem protege você?
A resposta é cruel: ninguém. Porque ninguém mais poderá. Porque todos estarão amordaçados, acuados, processados e condenados.
Cala-se uma tribuna hoje, mas não se calará uma nação inteira.
Este artigo não é sobre Armandinho. Não é sobre Jackson.
É sobre o pacto social que sustenta este país.
É sobre um povo que não aceita mais viver de joelhos diante dos seus próprios servidores — pagos com o suor de quem acorda cedo, trabalha, paga imposto e espera, no mínimo, respeito e transparência.
Se a tribuna da Câmara não serve mais para gritar contra a corrupção, serve pra quê?
Se a manchete do jornalista não serve mais pra alertar sobre o que está errado, serve pra quê?
Se criticar quem tem poder virou crime, então quem, afinal, é o verdadeiro criminoso neste país?
Conclusão: É Proibido Calar Quem Você elegeu para falar.
O Estado brasileiro, seja por meio de magistrados, promotores, ministros ou quem quer que seja, não tem o direito, nem moral, nem constitucional, de calar a voz da tribuna, de amordaçar a imprensa, de censurar quem vive do trabalho honrado de fiscalizar o próprio Estado.
Se isso não for revertido, se isso não for enfrentado, o que vem pela frente é a morte do mais básico dos pilares civilizatórios: a liberdade.
E que fique claro para a história:
Aqui se escreve, aqui se grita, aqui se denuncia. Porque calar… jamais.