
Por Amanda Amaral
Tomar café é um hábito do brasileiro, principalmente, aqui no Espírito Santo, o maior produtor de conilon do país responsável por cerca de 70% da produção nacional. Contudo, qual a melhor forma de tomar café e garantir qualidade de vida?
Estudos mostram que coar café com filtro de papel é mais indicado. Publicada no The New England Journal of Medicine por Rob van Dam, Frank B. Hu e Walter C. Willett, a pesquisa “Coffee, Caffeine, and Health” mostra que a concentração do composto cafestol – que aumenta o colesterol, é alta no café não filtrado, no de prensa francesa, no café turco e no café escandinavo fervido.
No café expresso e no café feito em cafeteira italiana a concentração já é intermediária porém, no café filtrado, instantâneo e de cafeteira, é insignificante. “…o café filtrado não aumentou os níveis séricos de colesterol. Assim, limitar o consumo de café não filtrado e moderar o consumo de café à base de expresso pode ajudar a controlar os níveis séricos de colesterol”, diz a pesquisa.
Em entrevista a Nutrition Source, sediada no Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan, um dos responsáveis pelo estudo, Rob van Dam, explica que o cafestol é encontrado na fração oleosa do café e, quando você prepara o café com um filtro de papel, o cafestol fica para trás no filtro.
“Portanto, para pessoas com altos níveis de colesterol ou que desejam evitar ter altos níveis de colesterol, é melhor escolher café filtrado em papel ou café instantâneo, pois eles têm níveis muito mais baixos de cafestol do que o café fervido ou de prensa francesa. O expresso está em algum lugar no meio; tem menos cafestol do que o café fervido ou de prensa francesa, mas mais do que o café filtrado em papel” disse.
O estudo “Impact of Coffee Consumption on Cardiovascular Health”, publicado no Ochsner Journal, um periódico médico dos Estados Unidos, afirma que o café fervido ou não filtrado, devido ao seu conteúdo de diterpenos – no caso o cafestol e kahweol, é mais aterogênico, ou seja, contribui mais para a formação de material gorduroso acumulado dentro das artérias, do que o café filtrado.
A pesquisa revela que há aproximadamente 7,2 miligramas destes dois diterpenos por xícara de café fervido e que eles inibem a síntese de ácidos biliares, o que leva à atenuação do catabolismo de lipídios. “No entanto, o café filtrado em papel remove a maioria desses óleos, com apenas cerca de 0,02 miligrama de cada substância retida por xícara”, diz o texto dos especialistas Michael F. Mendoza, Ralf Martz Sulague, Therese Posas-Mendoza e Carl J. Lavie.
Foi feito um ensaio clínico, divulgado no JAHA Journal, da American Heart Association Journals, com 64 voluntários saudáveis que consumiram seis xícaras por dia de café fervido e filtrado durante 17 dias. Em seguida, foram divididos aleatoriamente em três grupos, que, durante os 79 dias seguintes, receberam café fervido não filtrado (teor de lipídios de 1,0 gramas por litro), café fervido e filtrado (0,02 gramas de lipídios por litro) ou nenhum café. Os níveis séricos de colesterol total aumentaram naqueles que consumiram café fervido em relação àqueles que consumiram café fervido e filtrado.
A pesquisa foi elaborada pelos especialistas M van Dusseldorp, M B Katan, T van Vliet, P N Demacker e A F Stalenhoef, com o título “O fator de aumento de colesterol do café fervido não passa pelo filtro de papel”.
FONTE: ES BRASIL