Psicólogo cobria câmeras com papel durante atendimentos à meninas

Segundo a Polícia Civil, no dia 4 de fevereiro a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) recebeu uma denúncia alarmante.

psicólogo acusado de abusar sexualmente de crianças autistas em Cariacica tinha preferência por meninas, não verbais, e usava papel em câmeras de segurança para encobrir rastros.

Segundo a Polícia Civil, no dia 4 de fevereiro a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) recebeu uma denúncia alarmante. Uma criança de 8 anos, com diagnóstico de autismo grau 1, revelou ter sido vítima de abuso sexual durante atendimentos realizados por um psicólogo em uma clínica em Cariacica. O caso veio à tona apenas após a demissão do suspeito, no dia 8 de fevereiro, quando ele foi demitido;

A delegada Gabriella Zaché, adjunta da DPCA, detalhou o andamento da investigação e os indícios que levaram à detenção do psicólogo. Segundo ela, a criança só teve coragem de revelar os abusos após o profissional ser demitido, quando a clínica relatou que a decisão foi tomada por uma série de comportamentos inadequados durante atendimento, como o fato de mostrar preferência por atender meninas e não demonstrar paciência com meninos.

Comportamento estranho e filmagens reveladoras

A investigação revelou que, antes da demissão, o psicólogo apresentava comportamentos estranhos, como trancar a porta da sala durante os atendimentos, o que é expressamente proibido pela clínica, além de cobrir as câmeras de segurança instaladas no ambiente.

A clínica, que realiza filmagens de todos os atendimentos, forneceu às autoridades as gravações dos dois meses de trabalho do psicólogo, onde foram observados diversos momentos em que ele cobria as câmeras com papel durante os atendimentos, especialmente com crianças autistas.

A delegada Gabriella Zaché confirmou que as vítimas iniciais, que também relataram abusos, são predominantemente meninas e, em maioria, crianças não verbais, o que torna a investigação mais desafiadora.

“Estamos analisando essas imagens e conseguimos identificar uma conduta repetitiva de cobertura das câmeras. Além disso, as crianças que eram atendidas por ele apresentaram mudanças significativas de comportamento, como uma regressão no tratamento e sinais de sexualização”, diz a delegada.

Abusos e tentativas de encobrir o crime

A situação se agravou quando, após a demissão, o psicólogo foi até a clínica para levar a irmã de um dos pacientes para tomar sorvete, um ato que causou estranheza tanto aos funcionários da clínica quanto aos pais das crianças.

A delegada informou que a criança, de 8 anos, que acompanhava o irmão de 2 anos durante os atendimentos, também não era paciente da clínica, o que aumentou a preocupação sobre a natureza da relação do psicólogo com os pacientes.

Nos depoimentos prestados à polícia, o psicólogo negou as acusações de abuso e afirmou que cobria as câmeras para descansar ou usar o celular. No entanto, as investigações mostraram que ele de fato cobria as câmeras durante os atendimentos e utilizava o celular em momentos impróprios. A situação foi ainda mais agravada por relatos de que o ele mostrava vídeos íntimos do celular para as vítimas durante os atendimentos.

Prisões e possíveis novas vítimas

A delegada confirmou que, após perceber que estava sendo investigado, o psicólogo fugiu para Bom Jesus do Galho, onde foi localizado e preso dia 20 de fevereiro, com a ajuda da inteligência policial do Espírito Santo e da Delegacia de Bom Jesus do Galho.

De acordo com Gabriella Zaché, a polícia acredita que o psicólogo tenha abusado de outras crianças, dado o grande fluxo de atendimentos e os dois meses de gravações que mostram comportamentos similares.

“Ainda estamos analisando as imagens para identificar todas as vítimas. Muitas dessas crianças são não verbais e, por isso, a investigação exige um cuidado ainda maior”, explica.

Responsabilidade da clínica e o andamento da apuração

A clínica onde o psicólogo atuava também está sendo investigada, especialmente em relação à falta de acompanhamento e monitoramento dos atendimentos. De acordo com a delegada, pais e funcionários da clínica relataram que o psicólogo demonstrava preferência por meninas e não havia um controle rigoroso das filmagens, que só eram revisadas em caso de reclamações.

“Estamos apurando a conduta da clínica mas, até o momento, o que sabemos é que eles não tomaram medidas adequadas para garantir a segurança das crianças”, completa a delegada.

A polícia está intimando os pais e responsáveis das crianças atendidas pelo psicólogo para que prestem depoimentos e relatem quaisquer mudanças no comportamento dos filhos, que possam ser indícios de abuso sexual. A investigação continua em andamento e novos desdobramentos são esperados nos próximos dias.

FONTE: Jady Oliveira – ESHOJE