
Referência em atendimento a crianças atípicas no Espírito Santo, o Projeto Música Azul traz o tema do autismo para a animação infantil, com o lançamento de três videoclipes desenvolvidos dentro das sessões de musicoterapia em grupo. Os vídeos serão disponibilizados ao público no próximo dia 20 de abril, às 15h, no canal do projeto no YouTube: www.youtube.com/@musicaazul.lucianalopes.
A iniciativa integra as ações do Abril Azul, campanha estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de conscientizar a população sobre o autismo, assim como dar visibilidade para o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas são autistas no mundo e uma em cada 160 crianças tem TEA.
Socialização
Desenvolvido pela musicoterapeuta Luciana Lopes, o Projeto Música Azul está em atividade desde 2018 e tem como objetivo colaborar para a socialização e desenvolvimento de crianças autistas, através das vivências musicais. De acordo com a musicoterapeuta, o Música Azul atende a crianças de 03 a 12 anos, que estão no Transtorno do Espectro Autista, por meio de atividades lúdicas baseadas em quatro pilares: música, contação de histórias, arte criativa e o brincar.
“O objetivo é reunir crianças atípicas e seus familiares num processo musicoterapêutico estruturado e pensado no desenvolvimento de habilidades sociais, de comunicação e expressividade, funções executivas, aspectos emocionais e cognitivos, além dos motores e sensoriais, de maneira lúdica e divertida”, descreve Luciana.
A dedicação da coordenadora tem dado resultados: ao longo desses sete anos, cerca de 300 pessoas de 80 famílias foram atendidas pelo projeto. Em abril de 2021, o Música Azul lançou o seu primeiro álbum de músicas infantis, “Música Azul: Encontros”, disponível no YouTube e em plataformas de streaming.
Desse álbum foram selecionadas as três canções que ganharam clipes de animação: “O Sapo lá de Casa”, “Quem sou Eu?” e “Congo da Gente”. O projeto conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital nº 004/2023 – Seleção de Projetos do Setor Audiovisual, através da Prefeitura Municipal da Serra.
Mãe de adolescente autista
Idealizadora do projeto, Luciana Lopes explica que cada videoclipe foi roteirizado em cima das letras das músicas, cujas letras refletem situações vivenciadas pelas crianças. A musicoterapeuta conhece bem esta realidade: mãe de um adolescente autista, ela conta que o personagem principal dos vídeos foi inspirado na infância do filho Rafael. “As crianças participam de forma indireta dos vídeos, pois foram elas quem me inspiraram no momento das composições e nas características trabalhadas nas músicas”, conta Luciana.
É o caso de “Congo da Gente”, composta a partir da relação afetiva de uma das crianças do projeto com a casaca, durante as sessões de musicoterapia. O Felipe, uma criança autista, sempre exibia com orgulho o instrumento que ganhara de seu avô Chico, integrante de uma banda de Congo. “Foi nesse contexto que a canção surgiu para ampliar ainda mais a comunicação e a conexão das crianças”, descreve Luciana, que assina o roteiro dos vídeos. A edição é da produtora Anima Kariri (CE) e da produtora cultural Adriana Dutra.
Benefícios
Para a musicoterapeuta, a música proporciona vários benefícios que podem auxiliar na evolução e socialização das crianças consideradas atípicas, de modo a melhorar a comunicação, a interação social, o comportamento e a qualidade de vida. “Os elementos musicais como ritmo, alturas de notas, intensidades, melodias, harmonias, combinadas e compartilhadas num grupo de crianças atípicas, conseguem uni-las mesmo nas divergências neurocognitivas, pela sensação e reação ao estímulo, criando novos registros, memórias e sentimentos diversos entre elas”, completa.
- PROGRAME-SE:
Lançamento dos videoclipes de animação do Projeto Música Azul
Quando: 20 de abril (domingo)
Horário: 15h
Onde assistir: no canal do Projeto Música Azul no YouTube (www.youtube.com/@musicaazul.lucianalopes)
Idealizadora e roteirista: Luciana Lopes
Produtora cultural: Adriana Dutra
Animação e produção: Anima Kariri
Animação: Alisson Sousa
Storyboard: Brenno Ferreira
Rigs (técnica de animação em 3D que adiciona movimento a um personagem): Roberto Roque/Crislan Feitosa/Zé Luiz
Cenário e Props (objetos ou itens utilizados para contar a história): Daniel Ferreira
Intérprete de libras: Renata Jantorno
Apoio: Prefeitura Municipal da Serra, por meio da Secretaria de Turismo, Esporte, Cultura e Lazer da Serra; Conselho Municipal de Cultura da Serra (ES); e Fundo Municipal de Cultura: Lei Comendador Paulo Negreiros
Realização: Música Azul e Adriana Dutra – Espaço das ArtesProjeto realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do Edital nº 004/2023 – Seleção de Projetos do Setor Audiovisual, da Prefeitura Municipal da Serra
- SINOPSE DOS VÍDEOS POR LUCIANA LOPES:
O Sapo lá de Casa:
Foi uma criança autista, o Davi, que deu início a toda essa história no Música Azul. Davi gostava de conversar, mas sempre diante de um espelho, pelo qual via a sala toda e também se admirava! Percebi então que cada criança me trazia uma característica ou uma preferência, as quais foram reunidas na música “O Sapo lá de Casa”, com o intuito de reunir essas informações, além de trabalhar a rima com as cores; a prosódia; a memorização; a criatividade; o controle inibitório e tantas outras habilidades. Aos poucos, o hábito do espelho virou canção, que virou história; que virou videoclipe! E, para enriqu ecer ainda mais esse tema, o videoclipe pode somar questões culturais aos sapinhos coloridos, como vermelho – indígenas; amarelo – orientais; verde – zona rural etc.
Quem sou Eu?:
Essa canção surgiu do tema identidade. “Quem sou eu?” Não há uma resposta definitiva, pois crescemos, mudamos de opiniões, mudamos a aparência e vemos o mundo de outras maneiras. As crianças são capazes de reconhecer essas mudanças e também as semelhanças, e foi no Música Azul que essas percepções começaram a fazer sentido, principalmente por ser acolhedor nas imperfeições e jeitos distintos de ser. O Rafael, por exemplo, queria ser o Batman todos os dias, até que mudou para o Sonic e, depois, para o Ben 10. Assim como tantas outras crianças autistas e seus “hiperfocos” ou preferências muito queridas. /span>
Congo da Gente:
O congo é culturalmente muito presente no município de Serra (ES), e foi o Felipe, uma criança autista, que o trouxe para dentro dos encontros de musicoterapia, no Música Azul. Acompanhado de sua casaca inseparável, Felipe conduzia com orgulho o instrumento que ganhara de seu avô Chico, integrante de uma banda de Congo. Foi nesse contexto que a canção surgiu para ampliar ainda mais a comunicação e a conexão das crianças! Os personagens do vídeo trazem, além da experiência do Felipe, inspirações como o distrito de Serra Sede; o Rafael e a Luciana – mãe e filho – que trilharam juntos todo o início da musicoterapia, no Música Az ul; e, também, um cidadão ilustre da cidade: Teodorico Boa Morte, grande incentivador da cultura capixaba, que, neste vídeo, representa a figura do avô Chico.
- SOBRE O MÚSICA AZUL
Criado pela musicoterapeuta Luciana Lopes, o Projeto Música Azul teve início em abril de 2018 e continuou até dezembro de 2019, na Faculdade Multivix da Serra. Funcionava inicialmente como um curso de extensão e atendimento à comunidade do entorno e como prática da formação da professora em Musicoterapia. Em fevereiro de 2022, o projeto migrou para a Associação Vitória Down, no Bairro República, em Vitória, onde permanece até hoje, com sessões semanais de 50 minutos.
Ao longo desses sete anos de atividades, o Projeto Música Azul alcançou diversas realizações. Em agosto de 2019, Luciana Lopes foi uma das finalistas da primeira edição do Prêmio Mulheres, da ArcelorMittal, com o projeto Música Azul. O primeiro álbum de músicas infantis, “Música Azul: Encontros”, foi lançado em abril de 2021. O passo seguinte foi o lançamento do e-book “Era uma vez… Conto, Canto e Encontros”, com histórias e as canções do álbum em partitura e letra cifrada.
Em 2023, o Música Azul firmou parceria com o Sesc-ES para circulação do musical “Será que o Lobo é Mau?!”, apresentado pela Banda Azudalú, coordenada por Luciana Lopes. Em fevereiro de 2024, a coordenadora realizou a primeira formação presencial da metodologia Música Azul para musicoterapeutas e professores de música. Em 2025, expandiu os cursos de formação para outras cidades do Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro, com expectativas de realização também em Brasília.
Atualmente, o Projeto Música Azul está com inscrições abertas para interessados em participar de seu novo ciclo de atividades, com previsão de início para o segundo semestre de 2025, no Espaço de Artes Adriana Dutra, no bairro Novo Horizonte, na Serra.
- SOBRE A MUSICOTERAPEUTA LUCIANA LOPES:
Luciana Lopes é graduada em licenciatura em Música pela Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames – 2009), especialista em Musicoterapia (Alpha FACEC – 2019) e especialista em Regência com Ênfase em Bandas (Alpha FACEC – 2017). Entre 2010 e 2022, atuou nas escolas da Rede Pública Estadual, como professora de música, regente e assistente pedagógica do programa Música na Rede, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu), Fames e Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).

Desde 2019, trabalha como musicoterapeuta clínica, atendendo a crianças e jovens autistas, com síndrome de Down e outros transtornos do neurodesenvolvimento, experiência esta que proporcionou a idealização do projeto Música Azul, bem como o desenvolvimento de um método para mediação em atendimentos em grupos.