
O professor que compartilhou uma agulha em sala de aula, no município de Laranja da Terra, recebeu a rescisão unilateral do Contrato de Trabalho, pela Secretaria Estadual de Educação (Sedu-ES). No episódio, 44 alunos da 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, com idades de 16 e 17 anos, dividiram a mesma ferramenta e, em seguida, precisaram passar por exames para descartar transmissão de doenças. O professor, no entanto, disse que tomou os cuidados necessários.
Após o ocorrido, a defesa do professor se pronunciou e disse que o educador se colocou à disposição da Justiça desde a última terça-feira (18) e destacou que ele foi ouvido pela autoridade policial do distrito, na quarta-feira (19).
Por meio do escritório de advocacia, Enoc Joaquim da Silva, a equipe contou que a preocupação do professor é com os alunos. “Em relação aos fatos que vêm sendo noticiados nos últimos dias, temos a esclarecer inicialmente que a única preocupação de nosso cliente é o bem-estar dos alunos e da comunidade escolar envolvida nesta situação”, disse.
Em relação ao paradeiro do professor, o escritório reforçou que a equipe entrou em contato com as autoridades. “Nos últimos dias fora divulgada por alguns veículos de imprensa a informação de que o professor não teria sido localizado pela autoridade policial, sendo forçoso informar que tal notícia não é verídica, vez que desde a última terça-feira a defesa do professor fez contato com a Assessoria do Ministério Público e com a Autoridade Policial de Laranja da Terra, se colocando à disposição para qualquer esclarecimento necessário”.
A defesa ainda falou sobre a forma de ensino. “Imperioso destacar que o professor sempre desenvolveu seu trabalho com zelo e ética, buscando sempre o melhor caminho para o aprimoramento educacional de seus alunos, sendo profissional da área há pelo menos 13 (treze) anos”.
Ainda de acordo com a defesa, não houve testagem de tipo sanguíneo durante a aula. “A aula prática com os alunos não se tratou de realização de exame para identificação do tipo sanguíneo dos alunos e sim de visualização de células em microscópio, tendo o professor se cercado de todos os cuidados necessários (de acordo com os materiais que tinha à sua disposição) para evitar qualquer tipo de prejuízo ou risco aos alunos”.
A defesa do professor também disse que a participação dos alunos se deu de forma voluntária, não havendo qualquer imposição ou constrangimento para a participação dos mesmos nas atividades desenvolvidas, e completou que as atividades se deram em Laboratório de Ciência existente na própria instituição educacional.
Relembre o caso
Na ocasião, a Secretaria de Educação (SEDU) destacou que assim que tomou conhecimento do ocorrido, prontamente, todas as iniciativas foram tomadas.

Essa situação gerou pânico, já que desde o surgimento do vírus HIV, ficou estabelecido o uso de agulha descartável por indicação dos órgãos de saúde no Brasil e no mundo.
Carolina Salume é infectologista do Hospital Santa Rita e falou sobre os riscos que esses jovens correram ao serem picados pela mesma agulha. “O fato de os jovens terem sido picados ou utilizado a mesma agulha para coletar sangue leva ao risco de contaminação cruzada entre eles. Se algum deles tem alguma doença que seja transmissível pelo sangue, como HIV, hepatite B, hepatite C, sífilis, Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV), os outros também estariam sob risco de serem contaminados através desse sangue”, destacou a médica.
Todos os alunos já fizeram os exames de sangue que deu negativo, mas médica destaca que é preciso refazer os exames em 30 dias. “O exame para HIV deve ser repetido em 30 e 90 dias, e os de Hepatite B e C, em seis meses”, disse.
FONTE: Esthefany Mesquita – ESHOJE