Por que o tomate está caro em BH? Entenda o que pode impactar o preço do produto

Fruto encareceu 52,33% neste ano na capital mineira, crescimento superior ao do café

No ano, o tomate encareceu 52,33% nos sacolões de BH Foto: Alex de Jesus / O Tempo -

O tomate voltou a ganhar atenção do consumidor belorizontino depois de ficar 12,29% mais caro em fevereiro, o que pressionou o preço da cesta básica. O produto, conforme dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead), da UFMG, encerrou o último mês sendo vendido a uma média de R$ 7,89 nos supermercados e sacolões da capital mineira. No ano, o fruto encareceu 52,33% – crescimento superior ao do café, por exemplo, cujo valor subiu 25%. No entanto, no IPCA do mês – divulgado nesta quarta-feira (12/3) – o tomate teve menor impacto, representando alta de 3,74% e o acumulado de 24,76% ao ano.

Mas o que explicaria o encarecimento desse produto? Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) – divulgado no fim de janeiro deste ano – apontava aumento de preços do tomate em algumas cidades do Brasil, inclusive em BH. O valor de uma caixa de tomate salada no atacado da capital mineira cresceu 25% no período. Segundo pesquisadores do Cepea, o movimento de alta estava atrelado às chuvas intensas na região de Itapeva, em São Paulo – Estado segundo maior produtor do país – que limitaram as colheitas e resultaram em muitos frutos manchados que precisaram ser descartados. Além disso, o centro destaca que o processo de maturação foi mais controlado.

O aumento do fruto no indicador da Fundação Ipead é explicado pelo economista da fundação, Diogo Santos, em razão de baixa na oferta. “Há uma elevação dos preços, invertendo a queda que ocorreu no ano passado, no período de maior oferta do tomate”, afirmou o especialista. Em Minas, de forma geral, a safra do produto não foi prejudicada pelas chuvas, conforme o coordenador técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural na Grande BH (Emater-MG), Wagner Fani. Isso porque boa parte do cultivo do tomate é feito em estufas, podendo ser feito em qualquer período do ano e sem depender dos fenômenos climáticos.

“O fruto em estufa sofre menor impacto do volume de chuva, do clima ou de temperatura. Ele depende mais de adubação, irrigação e manejo corretos. O que pode alterar os custos está mais ligado a questões de insumo, como preço de energia, adubos, dentre outros. Agora, para o produtor que planta a céu aberto é diferente. O excesso de chuva, por exemplo, pode adoecer a folha, o caule e o fruto. Por isso, é recomendado que o último ciclo para plantar seja no fim de junho para que o produto seja colhido no início do período chuvoso, até no máximo final de outubro,” destaca Fani. 

Segundo o coordenador, a chuva registrada em algumas regiões de Minas nos últimos dias não é suficiente para afetar a produção do tomate. “A não ser que seja uma chuva de granizo ou tempestade atípica, não há esse risco. O que está ocorrendo, de forma geral, é um aumento de custo dos insumos agrícolas, mas isso é de todos os produtos e por causa dos sistemas de produção.”

FONTE: O TEMPO