
Nos últimos anos, pesquisas vêm registrando um aumento no número de diagnósticos de câncer entre adultos jovens. Um levantamento internacional, publicado no British Medical Journal, revela que o crescimento de tumores no público abaixo de 50 anos se elevou quase 80% nas últimas três décadas. Entre essas doenças, uma das que mais chamam a atenção pelo seu avanço expressivo nessa população é o câncer colorretal, que vitimou a cantora Preta Gil.
A missão dos médicos e cientistas agora é entender os motivos pelos quais o problema tem aparecido em maior escala – e mais cedo. As principais hipóteses vão de mudanças na dieta e outros hábitos a expansão da própria obesidade mundo afora.
No campo da dieta, estudos já associam a maior propensão ao câncer de intestino ao maior consumo de alimentos ultraprocessados, carne vermelha e bebidas açucaradas, por exemplo. Na contramão, a menor ingestão de fibras, que geralmente vêm de frutas, verduras, legumes e grãos integrais, também está ligada ao fenômeno.
Conectadas ao padrão alimentar, alterações na flora intestinal também estão sendo vinculadas à maior probabilidade de desenvolver a doença mais cedo. Nesse sentido, experimentos recentes ligam o predomínio de certas bactérias no aparelho digestivo ainda na infância a desordens capazes de culminar no câncer.
Além disso, já há uma soma de evidências que apontam para o “peso” da obesidade no câncer colorretal. O ambiente inflamatório perpetuado pelo excesso de gordura corporal estaria implicado em uma cadeia de processos bioquímicos que podem abrir caminho a células malignas.
Nesse contexto, o sedentarismo também dispara como um novo fator de risco para a doença.
Influência familiar e rastreamento
Fora o impacto dos hábitos e do ambiente, sabe-se que, em alguns contextos, existe uma influência genética para que a doença se manifeste mais precocemente, potencialmente de forma mais agressiva – o que pode levar a metástases, quando o tumor se espalha para outros tecidos além do foco original.
As evidências científicas disponíveis levam a crer que, sim, é possível reduzir as chances de desenvolver o câncer colorretal por meio de mudanças no estilo de vida. A adesão a um cardápio com comida mais natural, fresca e de origem vegetal é a principal medida, além da adoção de atividade física regular.
Mas tão importante quanto essas atitudes é prezar por um check-up periódico. Nesse sentido, alguns exames são relevantes. Recentemente, entidades médicas passaram a defender a realização da colonoscopia a partir dos 40 anos – uma década antes da prescrição anterior.
Caso haja sintomas suspeitos ou casos na família, o especialista pode sugerir que o exame seja feito mais cedo.
Outro teste, menos invasivo e usado em maior escala, é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, cujo resultado positivo sublinha a necessidade de uma maior investigação com a colonoscopia.
FONTE: VEJA