Poliamor, trisal ou aberto? Diferenças vão além da cama; entenda

Sexóloga Simone Guazzi explica como cada modelo impacta o sexo, o prazer, os limites e a comunicação entre os parceiros

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Amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, dividir a cama com três corpos ou manter um relacionamento com liberdade sexual. Qualquer uma dessas formas de se relacionar exige mais do que desejo: pede diálogo, acordos bem definidos e autoconhecimento.

Em entrevista ao Metrópoles, Simone Guazzi, sexóloga e pós-graduada em Educação e Sexualidade, explica as diferenças entre poliamor, trisal e relacionamento aberto — e por que entender essas formas faz toda a diferença entre quatro paredes.

Poliamor: quando o afeto é compartilhado

De acordo com a especialista, o poliamor é um modelo afetivo-sexual baseado na simultaneidade e no consenso entre mais de duas pessoas. “Os poliamoristas tentam se dissociar dos rótulos da sexualidade promíscua, do sexo fácil e libertino. Se apoiam na base afetiva da relação e na busca por conhecimento legal e social”, afirma Simone.

Ao contrário do que muitos pensam, segundo Simone, não se trata apenas de liberdade sexual, mas de um compromisso emocional com mais de uma pessoa — tudo combinado de forma clara entre os envolvidos.

Relacionamento aberto: liberdade com regras

Diferente do poliamor, o relacionamento aberto geralmente não envolve afeto por terceiros. “É uma forma criada para se romper com a monogamia e tentar manter uma relação saudável com liberdade sexual”, diz a sexóloga.

Aqui, o combinado precisa estar bem definido: quem pode se envolver com quem, em que lugares, com qual frequência, até que ponto e sempre com preservativos. “Sabe aquelas conversas difíceis que muitos adultos evitam? No relacionamento aberto elas são necessárias, para pontuar limites, sentimentos e acordos que garantam o respeito entre o casal.”

Trisal: três pessoas, múltiplas possibilidades

A tríade afetiva ou trisal é a relação entre três pessoas, com ou sem envolvimento emocional. “É um formato que pode ser bem aceito por casais que já têm essa predisposição de buscar fora o que não encontram dentro”, explica Simone.

Segundo a sexóloga, no sexo, o trisal pode explorar fantasias, jogos e até práticas como o ménage, ampliando a excitação com o consentimento de todos. “Quando há três corpos, três vontades e um só pacto de respeito, o prazer deixa de ser tabu e passa a ser liberdade em sua forma mais autêntica”, completa.

Ciúmes em dose tripla? Só se faltarem os acordos

O ciúmes pode aparecer em qualquer modelo, inclusive no trisal. “É um sentimento que pode surgir quando os acordos entre os envolvidos não estão bem definidos”, alerta Simone. O segredo está na comunicação constante e no respeito aos limites de cada um. “É preciso entender seus próprios sentimentos, estabelecer limites claros e manter o diálogo para evitar desgastes.”

Trisal é o reconhecimento de seus sentimentos e desejos, fugindo do formato tradicional de relacionamento, pré-estabelecido pela sociedade, que é a monogamia, em que aquele senso de pertencimento e privado existe

Sexo com proteção: regra para todos os modelos

Independentemente do tipo de relação, a saúde sexual é prioridade. “No meu ponto de vista, é inadmissível o não uso de preservativos nesse tipo de relação”, afirma Simone. Caso optem por abrir mão do preservativo, ela recomenda acordos firmes e exames frequentes para detecção de ISTs como HIV, sífilis e hepatites. “Fazer testes regulares é um cuidado com a saúde de todos os envolvidos.”

Foto colorida em close de um casal abraçado com o homem colocando uma camisinha no bolso de trás da calça da mulher - Metrópoles
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Mais liberdade, mais verdade

Para Simone, abrir espaço para novos formatos de relação é também reconhecer desejos que fogem do modelo tradicional. “O trisal, por exemplo, não é moda. É o reconhecimento de sentimentos reais e a quebra da monotonia”, afirma. No fim, a base continua a mesma: respeito, comunicação, desejo e liberdade para ser quem se é — inclusive na cama.

FONTE: METROPOLES