
A indústria capixaba iniciou o ano com avanços significativos no setor de celulose, papel e produtos de papel, que registrou um aumento de 17,1% na comparação de janeiro de 2025 com janeiro de 2024. É o que aponta a Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE, divulgada nesta terça-feira (18) e compilada pelo Observatório Findes.
Entretanto, mesmo com o crescimento expressivo deste segmento, a produção da indústria geral apresentou retração de 8,8% no período no Espírito Santo. Recuos também foram registrados nas indústrias de transformação (-0,7%) e extrativa (-12,8%). Esta última, impactada pela menor produção de petróleo, gás natural e pelotas de minério de ferro. Os resultados de janeiro da indústria capixaba ficaram abaixo das taxas registradas para o setor industrial a nível nacional, que cresceu 1,4%.
“Mesmo diante de um cenário desafiador, o segmento da indústria de celulose segue em crescimento, o que demonstra a capacidade de recuperação do setor. Este segmento tem se beneficiado de uma maior demanda, e consolida o Espírito Santo como um polo relevante no setor, inclusive, gerando cada vez mais valor agregado”, destaca o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona.
Impacto
O resultado do setor de celulose e papel pode ser atribuído a um cenário global. No início do ano, o mercado foi surpreendido com a paralisação da papeleira chinesa Chenming.
“A paralisação de concorrentes internacionais e a elevação dos preços globais da celulose beneficiaram a produção local, criando oportunidades para o setor. O segmento também tende a se beneficiar da nova fábrica de papel tissue anunciada pela Suzano, prevista para iniciar operações ainda em 2025″, pontuou a economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório Findes, Marília Silva.

Metalurgia cresce 5,8% no acumulado de 12 meses
No acumulado de 12 meses, a indústria de transformação cresceu 1,4%, com destaque para a metalurgia, que avançou 5,8%. Esse desempenho positivo reflete a maior demanda interna por produtos siderúrgicos, impulsionada por investimentos no setor automotivo e na construção civil. Os demais segmentos recuaram no período: celulose, papel e produtos de papel (-3,7%), fabricação de produtos alimentícios (-0,7%) e fabricação de produtos de mineiras não-metálicos (-0,6%).
Ainda assim, na análise da economista-chefe da Findes, a indústria capixaba pode ter um ano de recuperação gradual. “A indústria extrativa impactou os resultados gerais de janeiro, mas os avanços em setores como celulose e metalurgia demonstram que há espaço para crescimento. A perspectiva de aumento na produção de minério de ferro e as novas operações industriais previstas para o ano podem fortalecer ainda mais o desempenho do setor industrial”, pontuou.
Além disso, há expectativa de que o setor de transformação seja fortalecido pelos investimentos produtivos no Estado. A plena operação da plataforma Maria Quitéria, da Petrobras, a expansão da Marcopolo em São Mateus e a nova unidade da Suzano, em Aracruz, deve contribuir para um desempenho mais positivo da indústria.
“O primeiro trimestre de 2025 ainda reflete os desafios do final de 2024, mas os investimentos e a reestruturação da produção local indicam que a indústria capixaba pode ter um ano de recuperação e crescimento”, conclui Marília Silva.
Por Fiorella Gomes