Penitenciária usa cavalos em terapia de crianças e idosos no ES

Projeto de equoterapia em Viana cresce com a chegada de três novos animais e alia ressocialização de internos a tratamento terapêutico.

Quem passa pela Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes), em Viana, pode não imaginar que, atrás dos muros, cavalos se tornaram aliados na transformação de vidas. Lá dentro, funciona um projeto de equoterapia que atende crianças com deficiência, idosos de instituições sociais e ainda envolve os próprios internos no cuidado diário com os animais.

Na última semana, três novos cavalos da raça Manga Larga — batizados de Harmonia, Trovão e Canário — chegaram ao espaço. Eles se juntaram aos veteranos Prometeu e Boneca, ampliando a capacidade do projeto.

Mais atendimentos para a comunidade

Com a chegada dos novos animais, o número de atendimentos mensais vai subir de 344 para 416, o que significa quase cinco mil sessões por ano. As atividades são conduzidas em parceria com a Apae de Viana, que leva crianças com deficiência para a terapia, e também incluem idosos do Lar Genoveva Machado.

A equoterapia utiliza o movimento do cavalo para estimular funções motoras e cognitivas. “O passo do cavalo gera um movimento tridimensional, que ajuda no equilíbrio, na motricidade e até na conscientização corporal”, explicou a fisioterapeuta Flávia Corrêa da Silva Dilon, responsável pelas sessões.

Internos também participam

O projeto tem ainda uma função social importante: envolve 15 detentos da unidade prisional. Eles cuidam dos cavalos, ajudam na limpeza das baias e na manutenção da pista. Para integrar a iniciativa, é preciso ter bom comportamento, não ter condenação por crimes contra crianças e passar por avaliação técnica.

Segundo a diretora da Paes, Leizielle Marçal Dionízio, o resultado é positivo. “Temos um retorno de 100% de aproveitamento. O contato com os animais desperta responsabilidade, cuidado e respeito”, afirmou.

Cinco cavalos que fazem a diferença

Para que a terapia dê resultado, os cavalos precisam ser dóceis, adultos, de altura mediana e não se assustarem facilmente. Hoje, cinco animais cumprem esse papel na penitenciária: Harmonia, Trovão, Canário, Prometeu e Boneca. Todos recebem acompanhamento veterinário e cuidados diários.

“Eles não são apenas parte da terapia. Tornaram-se símbolos de convivência e transformação dentro do presídio”, completou a diretora.

Ressocialização e inclusão

O projeto da Paes mostra como um presídio pode ir além da lógica de punição. De um lado, crianças e idosos encontram na equoterapia uma forma de tratamento. Do outro, internos descobrem, no contato com os animais, uma oportunidade de aprendizado e de mudança de comportamento.

FONTE: SIM NOTÍCIAS