Pastor que pregava “cura gay” abandona igreja e se assume homossexual

Por anos, Sergio Viula usou a própria história para pregar a “transformação” de gays na igreja

- Ex-pastor Sergio Viula (Reprodução)

Durante 18 anos, Sergio Viula, hoje com 56 anos, foi um defensor fervoroso da “cura gay” no meio evangélico. Convertido ainda adolescente, ele acreditava que havia sido transformado pela fé e vivia de acordo com essa crença, chegando a se tornar pastor e pregar que Deus poderia “curar” a homossexualidade.

Criado em uma família católica, Sergio conheceu a religião evangélica por meio de colegas de trabalho e se encantou com o estilo dos cultos. Envolveu-se com uma igreja neopentecostal, onde a homossexualidade era tratada como pecado a ser vencido. “Ou você vivia no celibato ou era transformado”, explica.

Casou-se com uma mulher da igreja aos 20 anos e teve dois filhos. Por anos, reprimiu seus desejos e se apegava à ideia de que a fé era suficiente para “mudar sua natureza”. Mesmo quando tinha sonhos ou pensamentos homoafetivos, interpretava como ataques espirituais.

A virada aconteceu em 2000, durante uma viagem missionária a Singapura. Lá, viveu um caso com outro homem e voltou ao Brasil emocionalmente abalado. A experiência abalou sua fé. Em 2003, após crise no casamento e perda da convicção religiosa, rompeu com a igreja, assumiu sua homossexualidade e passou a denunciar práticas de terapia de conversão em um blog pessoal.

A decisão teve consequências duras: Sergio perdeu tudo, ficou sem contato com os pais por quatro anos e passou dificuldades financeiras extremas. “Não tinha sequer um garfo em casa”, lembra.

Hoje, Sergio vive há 10 anos com o companheiro André Dias, tem boa relação com os filhos e reconstruiu os laços com os pais, que pediram perdão por não o apoiarem. Ele se declara totalmente ateu: “Não acredito mais em Deus, nem sigo religião. Vivo bem assim”.

Atualmente, ele usa sua história para alertar sobre os danos da repressão religiosa à sexualidade e condena a chamada “cura gay” impostas a fiéis LGBT. “Poderia ter ficado em silêncio, mas preferi transformar minha experiência em denúncia.”

FONTE: O FUXICO GOSPEL