Um pastor foi preso na manhã desta terça-feira (14) durante a Operação Scriptor, deflagrada com o objetivo de desarticular um esquema de comunicação entre lideranças de facção dentro dos presídios e comparsas em liberdade.

De acordo com as investigações, o líder religioso aproveitava os momentos de comunhão e assistência espiritual para transmitir recados e até intermediar pagamentos em nome dos detentos.

O coordenador da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Espírito Santo (Ficco/ES), Arcelino Vieira Damasceno, detalhou a atuação do suspeito:

“Alguns bilhetes mostraram que a assistência religiosa também estava sendo utilizada para levar e recolher dinheiro de quem estava fora: alguns presos faziam pagamentos para o líder religioso, e aí ele fazia a distribuição de dinheiro para várias pessoas”.

Supervisão dificultada

O diretor-geral da Polícia Penal, José Franco Morais Júnior, também comentou sobre a prisão. Segundo ele, apesar da supervisão constante dos policiais penais, a própria natureza da atividade religiosa cria espaço para que mensagens verbais ou dissimuladas possam circular:

“Dentro da unidade prisional, os presos e os assistentes religiosos atuam dentro das suas atividades, mas são supervisionados pelos policiais penais, então não existe a possibilidade de escrever um bilhete ou algo do gênero, o contato é verbal. Esse contato é mais difícil de pegar, porque existe a nuance do serviço religioso de abraçar, fazer uma oração, e numa dessas pode ter ocorrido a transmissão desses recados”.

Ele explicou ainda que a ligação do pastor com o esquema só foi confirmada quando bilhetes apreendidos com advogados indicaram a sua participação na rede de comunicação entre os presos e os comparsas.

Advogado também preso

Além do pastor, a operação também prendeu um advogado que já vinha sendo investigado desde 2024. As autoridades não divulgaram os nomes dos suspeitos.

A investigação segue em andamento para mapear a extensão do esquema e identificar outros possíveis envolvidos.