Palmeiras ameaçadas de extinção são roubadas de reserva ambiental em Vargem Alta

Crime ambiental envolve a retirada ilegal de palmeiras-juçara de área protegida da Mata Atlântica.

Quarenta palmeiras-juçara, espécie ameaçada de extinção, foram derrubadas e roubadas da Reserva Kaetés, localizada em Castelinho, no município de Vargem Alta, na Região Serrana do Espírito Santo. O crime ambiental foi descoberto no dia 13 de fevereiro, quando pesquisadores da reserva, pertencente ao Instituto Marcos Daniel, identificaram a invasão. A ação criminosa é um alerta para o impacto da exploração ilegal de espécies protegidas, especialmente com a aproximação dos feriados de Semana Santa.

A área da reserva faz parte da Mata de Caetés, um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica de montanha no Estado, com mais de 3 mil hectares. O supervisor da reserva, Victor Vale, explicou que os criminosos, conhecidos como palmiteiros, invadiram a área e retiraram os palmitos das palmeiras-juçara, provavelmente com o objetivo de vendê-los. Ele ressaltou que a situação pode piorar, dado o aumento da demanda por palmito durante os feriados.

“A tradição da utilização do palmito nas receitas da época esconde um problema ambiental grave – a exploração ilegal do palmito-juçara, uma espécie de palmeira típica da Mata Atlântica, mas hoje restrita a poucos locais além das áreas protegidas”, destacou o Instituto Marcos Daniel, fazendo um apelo pela preservação da espécie.

De acordo com Marcelo Renan de Deus Santos, coordenador do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada, o problema é recorrente na região: “Todos os anos, vivemos esse mesmo problema em toda a região. A única coisa que podemos fazer é manter uma presença ostensiva e acionar as autoridades e esperar que as ações da polícia ambiental e dos órgãos ambientais sejam suficientes para coibir este crime.”

A palmeira-juçara, além de ser uma espécie ameaçada, desempenha um papel vital na manutenção do equilíbrio ecológico da região. Seus frutos alimentam várias espécies de fauna local, e suas folhas servem como alimento para os macacos-prego. No entanto, quando cortada para a extração do palmito, a palmeira morre, o que implica na perda de uma espécie que leva até 20 anos para alcançar a maturidade.

O crime foi denunciado à polícia, e a investigação já está em andamento. O Instituto Marcos Daniel reforça a importância de manter a vigilância sobre a região para proteger a biodiversidade da Mata Atlântica.

Sobre a reserva
O Instituto Marcos Daniel, uma organização sem fins lucrativos reconhecida pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), trabalha na conservação da biodiversidade por meio de projetos de preservação, educação ambiental e pesquisas científicas. A Reserva Kaetés, criada em 2021, se estende entre os municípios de Castelo e Vargem Alta e tem como principal objetivo proteger o habitat da saíra-apunhalada (Nemosia rourei), uma ave criticamente ameaçada que habita a Mata de Caetés.

FONTE: ESPÍRITO SANTO NOTÍCIAS