
A Polícia Civil e o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) estão apurando denúncias relacionadas a lesões corporais ocorridas durante procedimentos estéticos em uma clínica de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. Uma das vítimas permanece internada há dois meses, após apresentar necrose e buracos abertos na barriga, área onde foi realizado o procedimento estético.
Seis denúncias e interdição da clínica
Até o momento, a Polícia Civil registrou seis denúncias. A clínica do cirurgião plástico Renato Harckbart Carvalho foi interditada pela Vigilância Sanitária em abril deste ano, após relatos de pacientes que apresentaram deformidades no corpo decorrentes dos procedimentos. No entanto, a clínica foi reaberta após realizar as adequações exigidas pelo órgão.
Deformidades e complicações graves
Ruti Leia Marques, aposentada de 56 anos, foi uma das vítimas da clínica. Ela relatou que, após o procedimento realizado em 12 de fevereiro deste ano, começou a apresentar complicações graves, como necrose e buracos na barriga. Onze dias após a cirurgia, Ruti foi internada, onde médicos diagnosticaram a situação como uma “reação anormal ou complicação tardia” dos procedimentos. A paciente registrou um Boletim de Ocorrência (BO) relatando erros durante a cirurgia.
Em depoimento, Ruti descreveu a experiência como traumática: “É complicado, você olhar para baixo e ver dois buracos na sua barriga. Cabia a mão de um homem dentro. Não abriu assim de comprimento, abriu uma bola. Quando eu acordei, passei muito mal, sufocada, vomitando, com muita falta de ar”, disse a paciente.
Investigações em andamento
Das seis denúncias, cinco foram encaminhadas ao Ministério Público, e uma segue sob investigação sigilosa. O Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) também está acompanhando o caso e abriu uma sindicância para apurar possíveis erros éticos e profissionais, com o processo correndo em segredo de Justiça.
Defesa do cirurgião
Fábio Marçal, advogado de Renato Harckbart, afirmou que o médico está à disposição para esclarecer quaisquer questões relacionadas ao caso. “O que se tem são fotos de pós-operatório propagadas pela internet. Renato irá responder a todas as questões de forma técnica quando for intimado”, afirmou o advogado.
Interdição e fiscalização
Em abril, a Vigilância Sanitária de Cachoeiro de Itapemirim, a pedido do Ministério Público, realizou uma fiscalização na clínica de Renato Harckbart. Durante a inspeção, foram encontradas inconformidades sanitárias, resultando na interdição temporária da clínica. Materiais irregulares também foram apreendidos. No momento da interdição, um cartaz na porta da clínica indicava que o local estava “em obras”. Após as correções exigidas pela fiscalização, a clínica foi liberada para retomar as atividades.

Ação da Vigilância Sanitária
A Vigilância Sanitária de Cachoeiro de Itapemirim realizou a fiscalização após solicitação da 2ª Promotoria de Justiça Cível. Durante a inspeção, foram identificadas irregularidades sanitárias, o que levou à interdição da clínica até que as adequações necessárias fossem feitas conforme a legislação.
Posição do CRM-ES e MPES
O Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que apura todas as denúncias recebidas e que, se houver indícios de erro ético, um processo ético-profissional será instaurado. O caso segue em sigilo de Justiça. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também está acompanhando o caso e informou que diligências estão sendo realizadas para apurar os fatos e adotar as medidas cabíveis.
FONTE : TV GAZETA