O que se sabe e falta saber sobre diarista que desapareceu e foi encontrada morta no ES

O corpo de Iraci de Souza Teixeira, de 66 anos, foi encontrado na última quinta-feira (1°), com sinais de violência, em Vila Velha, no Espírito Santo. Um homem foi preso, mas a polícia segue com buscas pelo autor do crime.

Protesto pede por justiça e segurança em rodovia onde diarista saiu para caminhar e foi encontrada morta no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta -
Doméstica Iraci de Souza Teixeira, de 66 anos, que saiu para caminhar foi encontrada morta no Espírito Santo —
Foto: Arquivo Pessoal

A diarista Iraci de Souza Teixeira, de 66 anos, saiu para caminhar em um sábado pela manhã, ficou cinco dias desaparecida e foi encontrada morta, com pés e mãos amarrados, em 1º de maio. O corpo da mulher estava em um local de brejo, próximo à Rodovia Leste-Oeste, em Vila Velha, na Grande Vitória, onde a vítima morava.

Uma semana depois após o corpo da diarista ser encontrado, o autor do crime ainda não foi encontrado pela polícia.

Iraci de Souza Teixeira, de 66 anos, foi encontrada morta em uma área alagada em Vila Velha, no Espírito Santo. — Foto: Arquivo pessoal

Iraci foi enterrada na tarde de sábado (3) após uma cerimônia rápida, com o caixão fechado, no Cemitério Parque da Paz, em Ponta da Fruta. O caixão não pôde ser aberto, devido ao estado avançado de decomposição em que o corpo foi encontrado.

A mulher trabalhava como diarista e manicure e tinha seu próprio salão. A vítima é da cidade de Nanuque, Minas Gerais, mas já morava no Espírito Santo há muitos anos, onde teve três filhos e três netos. Iraci também deixou dez irmãos.

Confira abaixo o que já se sabe sobre o caso e o que ainda precisa ser esclarecido.

  • 1- Em que circunstâncias a mulher desapareceu?

Segundo familiares da vítima, Iraci estava morando sozinha no bairro Vale Encantando, em Vila Velha, há dez dias, após a filha mais nova ter se casado e saído de casa.

A mulher tinha o hábito de caminhar em dias de folga pelas ruas do bairro. Algumas vezes, até praticou o exercício com um dos filhos. O percurso é conhecido como “reta do Vale”, nas proximidades da Escola Municipal Joffre Fraga.

No sábado, dia 26 de maio, a diarista saiu para caminhar pela manhã, por volta das 8h15, e tinha combinado de tomar café com a cunhada quando voltasse da atividade física. Mas ela não apareceu.

  • 2- Como e quando as buscas começaram?

A filha mais nova de Iraci estranhou a demora da mãe em voltar da caminhada no sábado e foi até o apartamento dela. Na residência, a filha encontrou o celular da diarista em cima da cama.

A nora da diarista, Camila de Oliveira Silva Teixeira, informou que a sogra não saía para caminhar com o aparelho com medo de ser roubada.

No domingo, os filhos da vítima já começaram a realizar buscas pela região e passaram em hospitais procurando pela mãe.

  • 3- As buscas chegaram a ser suspensas?

Com o passar dos dias, o filho da vítima, Fábio Teixeira, informou que organizou um mutirão com a ajuda de vizinhos para encontrar Iraci.

Mas o homem comentou que a família foi informada pela polícia de que as buscas seriam suspensas durante o feriado do Dia do Trabalhador.

“Na terça à tarde, começaram as buscas pela Polícia Civil. Aí tudo certo. Aí, a minha esposa chegou e perguntou: ‘quinta-feira é feriado, vão continuar as buscas?’. A escrivã informou: ‘não, só funciona interno, externo não funciona porque é feriado’. Mas é um serviço público, funciona 24 horas. Como que minha mãe está desaparecida e vão parar as buscas e só vai voltar na sexta-feira? Eu falei: ‘vocês podem até parar, mas eu não vou deixar de procurar minha mãe, não vou desistir de buscar minha mãe, eu vou encontrar minha mãe'”, relatou Fábio.

Na quarta-feira (30), o Corpo de Bombeiros realizou buscas utilizando cães farejadores na região de mata em ruas e bairros próximos do local onde a vítima morava.

A Polícia Civil negou a informação de que as buscas seriam suspensas e disse que a operação continuaria ao longo do dia.

O delegado-geral da Polícia Civil do estado, José Darcy Arruda, disse em entrevista ao Bom Dia ES na sexta-feira (2) que os trabalhos não pararam, já que as investigações continuaram por meio da inteligência, e que a programação do feriado incluía buscas em campo.

  • 4 – Como e quando a mulher foi encontrada?

A Polícia Civil informou que o corpo de Iraci foi encontrado por uma pessoa que não era da família na manhã de quinta-feira (1º), no bairro Vale Encantado.

A vítima estava em uma área alagada, com pontos de mata fechada em uma região de difícil acesso no final da Rua Monte Sinai, nas proximidades da Rodovia Leste-Oeste, e próximo onde a mulher morava.

“Estávamos programando para voltar na quinta-feira com o Corpo de Bombeiros. Toda a equipe estava se preparando para isso quando tivemos a informação que uma pessoa, que estava trabalhando tanto na terça como na quarta, também nas buscas, juntamente com a polícia, havia encontrado o corpo. Existe todo um preparo. A polícia não age de forma rotineira. Ela tem todo um planejamento. Estávamos nos planejando para as equipes se encontrarem e se dirigirem para o local. […] Uma pessoa, que não é da família, foi para o local mais cedo e logrou encontrar”, explicou Arruda.

  • 5- O corpo estava com marcas de violência?

Segundo os investigadores, a vítima estava de bruços, em uma cova rasa, com mãos e pés amarrados, já em estado de decomposição. A família fez o reconhecimento ainda no local, porque uma parte das roupas que a vítima usava no sábado foi identificada pelo filho.

O investigador Walter Santana disse que o corpo seria encaminhado ao Departamento Médico Legal (DML), mas a perícia que foi feita no local constatou sinais de violência.

“A gente fez a perícia e estão fazendo a investigação inicial. Percebemos que o corpo foi violentado, tem afundamento de crânio bilateral. Ela apresenta lesões no crânio e no corpo. Provavelmente, um instrumento contundente que o assassino usou para poder matar a senhora. A gente verificou que os pés e as mãos estavam amarrados com uma camisa branca, prejudicando até que a vítima viesse a se proteger da violência”, relatou o investigador Walter Santana.

A família informou que o laudo pericial que vai apontar se Iraci sofreu violência sexual deve sair até esta quinta-feira (8). O g1 procurou a Polícia Civil, que informou que detalhes da investigação não serão divulgados.

  • 6- Alguém foi preso pelo crime?

O responsável pela morte ainda é procurado pela polícia. Mas, no momento, ainda é investigado a possível ligação de um homem preso por porte ilegal de arma na última quinta-feira (1º) com a morte da diarista Iraci de Souza Teixeira.

O suspeito de 35 anos foi detido pela Polícia Militar nas proximidades da casa onde a vítima morava, no bairro Vale Encantado.

Segundo o titular da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), delegado Luiz Gustavo Ximenes, a prisão ocorreu horas após o corpo de Iraci ter sido encontrado.

“Ele foi autuado por porte ilegal de arma de fogo. Estão sendo realizados levantamentos para ver a participação desse indivíduo, se ele realmente participou desse crime. Estamos analisando as câmeras de monitoramento e também aguardando o laudo cadavérico para verificar as lesões, se foram praticadas com arma branca”, afirmou Ximenes.

O delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, afirmou que, no momento em que foi preso, o homem não tinha condições de prestar depoimento, mas será investigado.

“Uma pessoa foi presa, mas ela estava totalmente alcoolizada, entorpecida, cheia de fezes, com falas desconexas. Aguardamos até a madrugada e a interrogamos. Ele nega veementemente, diz que não conhece (a vítima). Mas isso não está descartado. Vamos buscar todas as informações”, explicou o chefe da corporação.

O suspeito segue preso no Centro de Triagem de Viana (CTV). Ele foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo.

  • 7- Qual é a suspeita da polícia?
Fábio Teixeira ao lado da mãe, a diarista Iraci de Souza Teixeira, de 66 anos, que foi enterrada neste sábado, em Vila Velha, no Espírito Santo. — Foto: Arquivo pessoal

A primeira suspeita da polícia é de que quem cometeu o crime conhecia bem o local.

“A pessoa conhecia o lugar muito bem. Até mesmo porque o acesso é inviável, tem um brejo e a mata não foi batida”, disse o investigador da Polícia Civil, Walter Santana.

Moradores do bairro relataram que um homem assediava mulheres no local onde Iraci saía para caminhar.

g1 questionou a Polícia Civil para saber se esse homem foi encontrado e ouvido pela polícia, mas o órgão afirmou apenas que as equipes estão atuando com afinco diariamente, com o objetivo de oferecer respostas aos familiares. Informações que possam contribuir com o trabalho investigativo podem ser repassadas, de forma anônima, por meio do Disque-Denúncia 181.

A família disse que não desconfia de quem pode ter cometido o crime.

  • 8- Imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas?

Um vídeo registrou momento em que a mulher sai do condomínio onde morava com roupas apropriadas para atividades físicas.

Parentes relataram que não tiveram acesso a mais nenhuma imagem de câmera de segurança e não sabem de mais nenhum vídeo que possa ter registrado o crime.

Mas uma empresa que fica na rodovia também conseguiu registrar a diarista caminhando na calçada, pouco depois das 8h da manhã.

9 – Moradores realizaram protestos

Após a morte da diarista, um grupo de pessoas protestou no domingo (4) por justiça e pedindo mais segurança na Rodovia Leste-Oeste, que liga os municípios de Vila Velha e Cariacica, na Grande Vitória.

O ato foi organizado por grupos de ciclismo e corrida. Os participantes se vestiram de branco e usaram cartazes e balões.

O protesto saiu do bairro Bela Vista, em Cariacica, com destino ao condomínio onde a diarista morava, no bairro Vale Encantado, em Vila Velha.

Um dos principais motivos da manifestação é o pedido de mais segurança para quem usa a via para praticar caminhada, corrida e ciclismo, assim como a diarista Iraci fazia rotineiramente.

O ato terminou em frente ao condomínio onde a diarista morava. As filhas da vítima também participaram da passeata e cobraram melhorias na região.

FONTE: VIVIANE LOPES – G1