O que explica a alta no preço dos ovos

Após alta da carne, produto que é visto como alternativa de proteína animal também registra aumento nos valores em atacadistas e supermercados.

O preço dos ovos se tornou a mais nova preocupação de consumidores em supermercados. Após a alta de itens como a carne bovina e o café, o produto se tornou o mais novo “candidato a vilão” da inflação de alimentos para os próximos meses.

Na venda de distribuidores atacadistas para os supermercados, o movimento de aumento no preço dos ovos já vem sendo sentido desde dezembro. Nas últimas semanas, no entanto, o impacto tem chegado às gôndolas dos supermercados, surpreendendo consumidores que buscavam no produto uma alternativa para substituir a proteína com a alta no preço da carne.

Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o preço dos ovos já aumentou 40% nesta semana. De acordo com a entidade, empresas iniciaram a programação de abastecimento das lojas para atender à demanda maior da Quaresma, mas a restrição na oferta e os aumentos sucessivos de preços preocupam os supermercados.

Em Santa Catarina, essa alta de preços observada nas vendas de atacadistas para os varejistas foi de 28% entre dezembro e fevereiro. Agora, o aumento começa a dar sinais nas prateleiras dos supermercados.

O que explica a alta no preço dos ovos

O aumento no preço dos ovos de galinha registrado em supermercados é explicado por ao menos três fatores. O analista de socioeconomia do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), Alexandre Giehl, explica que a primeira razão é o aumento na demanda por ovos, causada pela elevação no preço das carnes.

— Isso acaba motivando consumidores a substituir a proteína pelo ovo, gerando um aumento na procura pelo produto — afirma.

Outro fator que explica a alta nos preços é a oferta reduzida. Como o preço dos ovos vinha em um patamar baixo ao longo de todo o ano passado, os produtores de ovos no país haviam ajustado a estrutura de cultivo à demanda existente pelo produto. Com o aumento repentino na demanda, o volume produzido torna-se insuficiente, valorizando o produto e pressionando os preços.

O analista de socioeconomia do Cepa/Epagri explica que a cadeia do ovo consegue reduzir ou ampliar o plantel de animais com alguma rapidez, evitando produções muito acima da demanda do momento. Com isso, a tendência é que o aumento na procura por ovos leve produtores a ampliarem a quantidade de aves para aumentarem a produção. No entanto, deve demorar ao menos de três a quatro meses para que o efeito dessas medidas chegue aos preços nos supermercados.

Veja produtos que se destacam na inflação de alimentos

Tomate foi um dos itens que mais tiveram aumento de preço na inflação de janeiro (Foto: Enez Selvi | Shutterstock)

Café chegou a preço de R$ 30 por pacote de meio quilo e virou um dos algozes dos preços nos supermercados (Foto: Banco de imagens)

Carne bovina teve aumento nas últimas semanas e também se tornou vilã da inflação de alimentos (Foto: Banco de imagens)

Ovos começam a registrar alta nos preços, segundo entidade supermercadista (Foto: Banco de imagens)

Azeite de oliva também segue em patamares altos de preços em razão de problemas climáticos (Foto: Banco de imagens, Reprodução)

Tomate foi um dos itens que mais tiveram aumento de preço na inflação de janeiro (Foto: Enez Selvi | Shutterstock)

Café chegou a preço de R$ 30 por pacote de meio quilo e virou um dos algozes dos preços nos supermercados (Foto: Banco de imagens)VoltarAvançar12345

Calor e quaresma

A onda de calor registrada nas últimas semanas no país é um terceiro fator citado pelo especialista como razão para o aumento nos preços. Ainda que muitas propriedades contem com sistemas de resfriamento, as altas temperaturas fazem com que as galinhas reduzam o consumo de alimentos e produzam menos ovos, o que também afeta a oferta do produto.

Para os próximos meses, apesar de medidas de produtores para elevarem a produção, a tendência é de que os ovos de galinha permaneçam em um patamar mais elevado. A proximidade da quaresma, período em que muitas pessoas reduzem o consumo de carne e aumentam a frequência de compra de ovos deve manter a procura pelo produto em alta, em um período que ainda deve ser de oferta reduzida pelos produtores.

Passado o período de festas de fim de ano, em que há uma preferência da população pelo consumo de carnes ainda que os preços estivessem em alta, o retorno das atividades econômicas e aspectos como a volta às aulas são causas de aumento no consumo de ovos, em função da alimentação escolar.

— Em geral, acabou um período de baixo consumo de ovos e entramos em um período de maior procura pelo produto. Isso já havia se evidenciado no atacado, e agora se reflete mais no varejo — explica Giehl.

Produção de ovos em SC

Segundo dados do Cepa/Epagri, Santa Catarina ocupa a 10ª produção entre os maiores produtores de ovos do país. Os dados de 2024 ainda não foram consolidados, mas a estimativa é de que o Estado tenha fechado o ano com produção de 109 milhões de dúzias de ovos comerciais para consumo.

As regiões Oeste, Sul e Vale do Itajaí são as três que detém os maiores volumes de produção, com quase 80% de tudo que é cultivado no Estado.

O presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats) afirma que a entidade está atenta ao aumento expressivo repassado por fornecedores ao varejo.

— A Acats segue comprometida em oferecer transparência aos associados e consumidores, destacando que a formação dos preços ocorre fora do ambiente supermercadista — ressalta o dirigente.

FONTE: NSC TOTAL