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Diagnosticado com infecção polimicrobiana, o papa Francisco está internado há quatro dias no hospital Agostino Gemelli, em Roma, segundo o Vaticano, em um comunicado nesta segunda-feira (17). O pontífice de 88 anos, teve o diagnóstico alterado e não há previsão da alta. Ainda conforme a Santa Sé, a situação clínica é “complexa”.
“Os resultados dos testes realizados nos últimos dias e hoje demonstraram uma infecção polimicrobiana do trato respiratório que levou a uma nova modificação da terapia. Todos os exames realizados até o momento são indicativos de um quadro clínico complexo que exigirá internação hospitalar adequada”, diz a íntegra do boletim.
O que é infecção polimicrobiana?
Em entrevista à Itatiaia, a médica pneumologista e paliativista da Saúde no Lar, Michele Andreata, explicou que a infecção é comum em pacientes com doenças pulmonares, exemplo do caso de pontífice.
“Infecção polimicrobiana é aquela causada por dois ou mais microrganismos simultaneamente, podendo envolver bactérias, vírus e fungos. Esse tipo de infecção é comum em contextos hospitalares, imunossupressão e em pacientes com doenças pulmonares estruturais, como DPOC, bronquiectasias e sequelas pulmonares”, explicou ela.
Como tratar a infecção?
Ainda de acordo com a médica pneumologista, “o tratamento depende dos patógenos envolvidos, guiado por cultura microbiológica e testes de sensibilidade”.
“Em infecções pulmonares, o uso de antibioticoterapia combinada pode ser necessário, visando conter a proliferação de bactérias, fungos ou outros germes, conforme a suspeita clínica e epidemiológica. Em casos graves, internação e suporte ventilatório podem ser indicados”.
Quais os sintomas?
Segundo a doutora, os sintomas variam conforme o sítio da infecção, mas no pulmão incluem febre, tosse produtiva, dispneia, dor torácica e piora do estado geral. Em casos mais severos, pode haver sinais de sepse, como hipotensão e confusão mental.
Conforme a médica, a ocorrência desse tipo de infecção depende de fatores de risco, como idade avançada, comorbidades e uso prévio de antibióticos.
“Em idosos e pacientes com alterações pulmonares prévias, a incidência pode ser maior devido à menor reserva fisiológica e maior dificuldade na mobilização de secreção dentro do pulmão, o que torna esse ambiente ideal para a proliferação exagerada dos micro-organismos e piora brusca do quadro. Além disso, há maior incidência de micro aspirações, com desvio de parte dos alimentos para os pulmões e que também propicia infecção no local”, relatou ela.
Em 2023, Francisco, que teve parte de um dos pulmões removido quando era jovem, ficou hospitalizado por três noites com bronquite e se recuperou com antibióticos. Quando ele era jovem, parte de um dos seus pulmões foi removido, situação essa que pode predispor a infecções respiratórias, segundo a médica paliativista.
“A ressecção pulmonar prévia pode predispor a infecções respiratórias, especialmente se houver bronquiectasias, distorção anatômica que propiciam o acúmulo de secreções. A redução da reserva pulmonar também pode agravar quadros infecciosos, tornando a recuperação mais difícil. Avaliação individualizada é fundamental para definir o melhor manejo”, finalizou ela.
Orações ao Papa Francisco
Na porta do hospital Agostino Gemelli, onde o papa Francisco está internado fiéis estão fazendo vigília e acendendo velas para orar pela saúde dele. Ao lado direito da praça do hospital, pessoas se encontram ao lado da grande estátua de João Paulo II. Ainda de acordo com o boletim médico, novas atualizações serão divulgadas durante a tarde de hoje.
O Pontífice permanece, portanto, “sob monitoramento hospitalar”, reiterou o porta-voz vaticano, informando – em resposta às perguntas dos jornalistas. Foi prescrito pelos médicos “repouso absoluto”. Neste domingo (16), pela primeira vez o Papa Francisco ele não pôde conduzir a oração dominical do Angelus.
Cancelada Audiência Geral desta quarta-feira (19)
Também por meio de nota, o Vaticano informou que devido à hospitalização do Santo Padre, a Audiência Geral da próxima quarta-feira (19), foi cancelada.
No último domingo (9), o papa precisou delegar a leitura de um discurso a um assessor, durante a Santa Missa do Jubileu das Forças Armadas, polícia e agentes de segurança. Na quinta-feira (13), a Santa Sé anunciou que o Pontífice realizaria as reuniões em sua casa no Vaticano pelos próximos dias. Na véspera, o líder da Igreja Católica já havia pedido a um assessor que lesse seu catecismo em sua audiência semanal, porque ele estava com um “resfriado forte” que dificultava sua “fala”.
FONTE: ITATIAIA