
Recebi um convite de um radical para rezar com Frei Gilson para livrar o Brasil da Teologia da Libertação e do Comunismo… Achei muito estranho! Então, como não conhecia o frei resolvi pesquisar e não encontrei nenhum vídeo com chamada semelhante. Acompanhei a oração dele no dia marcado no convite, também não colocou aquelas intenções, ao contrário, rezou pelo Papa e pelos Bispos.
Conclusão: estão se aproveitando do frei e tentando cooptá-lo já que ele é mais contemplativo e não de caridade, o que me parece necessário, conforme Mateus (25,34-40): Então o Rei dirá: – Vinde, benditos, tomai posse do Reino porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim. Quando senhor? Quando fizeste a um desses irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizeste.
Parece-me claro, contudo, que o frei leia os documentos da Igreja e, certamente ele não falará que o então Cardeal Ratzinger não tinha o Espírito Santo quando escreveu a Instrução Sobre Alguns Aspectos Da “Teologia Da Libertação” (vide documento no site do Vaticano). Com este autor, não tem como a Teologia da Libertação ser contra a Igreja.
Curiosamente, o frei vive a vida que todo comunista prega: não possui nada seu além das roupas do corpo, não tem carro, não tem celular, não tem conta bancária, todo o dinheiro que recebe fica para a Congregação. É uma vida de fazer inveja ao cubano ateu mais fiel e radical.
Aliás, nem todo comunismo é contra a Igreja, basta ler o documento que Pio XI escreveu a respeito, a Encíclica Divinis Redemptoris, que tem como subtítulo “Sobre O Comunismo Ateu” (vide documento no site do Vaticano). E neste documento, o Papa afirma que o Liberalismo consegue ser pior que o comunismo ateu (DR 16 e 38). Ah e veja quando o papa escreveu, em 1937, ou seja, nada a ver com o Concílio Vaticano II.
E ainda temos a Encíclica Rerum Novarum, que tem como subtítulo “Sobre A Condição Dos Operários” escrita por Leão XIII, em 1891, em que condena o comunismo e o socialismo e mais ainda as relações entre capital e trabalho, os patrões e a exploração desumana (vide documento no site do Vaticano).
E para quem ainda não ficou convencido do desconhecimento sobre a própria Igreja, remeto ao que acredito ser o documento mais antigo da Igreja Católica em que cita e condena o comunismo, a Encíclica Qui Pluribus, do Papa Pio IX, de 1846 (ibidem). E que foi escrita dois anos antes do Manifesto Comunista de Friedrich Engels e Karl Marx. Embora o tema desta encíclica seja a condenação de sociedades secretas, como a maçonaria.
Resumindo, nossa Igreja não têm bispos comunistas, até tem uns padre exagerados que mereciam um puxão de orelhas, mas nada herético. E fica o alerta, cuidado ao classificar alguém de herético, pois corre o risco de pecar contra o Espírito Santo, conforme o contexto (Mt 12,24-32; Mc 3,22-30): “os fariseus responderam: É por Beelzebul, chefe dos demônios, que ele os expulsa”.